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Brasileiros se aventuram nas criptomoedas

Aplicações em produtos virtuais misturam recordes e volatilidade

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Por Redação
Atualização:
4 min de leitura
Estadão Blue Studio - Getty Images 

As criptomoedas são os ativos que têm apresentado maior rentabilidade, especialmente dentro do cenário de juros no menor patamar histórico. Para se ter uma ideia, no ano passado, as duas moedas virtuais mais conhecidas e negociadas, o Bitcoin e a Ethereum, acumularam ganhos superiores a 300% e 600%, respectivamente. Ao mesmo tempo que têm uma alta valorização e contribuem na composição da carteira de investimentos, os chamados criptoativos são opções que apresentam um risco enorme.

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O Bitcoin, por exemplo, tem volatilidade anual média desde 2016 de 74%, tendo chegado a atingir 108%. Foram mais de 14 quedas de mais de 40% em um mês. “Como forma de comparação, devemos citar que a Bolsa de Valores tem trabalhado em níveis de risco da ordem de 20%, ou seja, o risco do Bitcoin é de, aproximadamente, três vezes e meia o risco da Bolsa”, compara Martin Iglesias, especialista líder em Investimentos e Alocação de Ativos. Apesar de a valorização passada impressionar, especialistas destacam que não é garantia para o futuro. Por isso, alguns pontos devem ser levados em consideração antes de colocar seus recursos em criptoativos.

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Iglesias explica que, quando desejamos verificar se determinado ativo possui características que o tornam interessante para compor uma carteira diversificada, é fundamental analisar três coisas: sua rentabilidade esperada, seu risco e as correlações com outros ativos. As criptomoedas são moedas digitais e, diferentemente do real, do dólar e de outras moedas que podem ser tocadas, elas só existem na internet, conforme definição do Nubank. Significa dizer que você sabe que elas são verdadeiras, mas não consegue pegá-las ou guardá-las na carteira, no cofre ou embaixo do colchão. Ao todo existem cerca de 1.300 moedas virtuais no mercado, mas pouco mais de uma dezena está entre as mais negociadas.

Glauco Cavalcanti, consultor da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), destaca que todo mercado que está começando tende a ser volátil e lembra que foi assim com o desenvolvimento da internet. “Fazendo um paralelo com a internet, todo mundo queria fazer um site para ficar rico. E com as criptomoedas acontece algo parecido, com muitas pessoas buscando aumentar a rentabilidade com investimentos nesses ativos”, diz Cavalcanti ao lembrar que cada moeda tem uma função diferente e o investidor deve levar isso em consideração ao escolher seu criptoativo. “Muitas empresas que surgiram com a bolha da internet sumiram, mas ficou a Amazon, o Google, por exemplo”, destaca Iglesias. Para Cavalcanti, o investidor deve definir o conceito em que acredita para alocar seus recursos em criptoativos que estejam ligados a essa estratégia.

Há um ano e meio, o empreendedor Victor Mouadeb, 27, viu no mercado de criptoativos a oportunidade de rentabilizar mais os seus recursos. Ele escolheu alocar valores em Bitcoin, Chainlink e Solana. Hoje, esses recursos representam 7% da sua carteira. Ao longo dos últimos 18 meses, seus investimentos em criptomoedas tiveram valorização de aproximadamente 570%, mesmo considerando as oscilações. “É importante entender o conceito de uma cripto e não investir porque subiu milhares por cento em pouco espaço de tempo, escolher a melhor para você, porque tem vários tipos. A Chainlink, por exemplo, é um tipo de cripto que visa tornar transações bancárias mais seguras. A Ethereum está ligada à infraestrutura. O importante é escolher conceito e não se preocupar com oscilação de curto prazo”, destaca.

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Criptoativo requer cuidado

Especialistas destacam que, por se tratar de um ativo que tem muita volatilidade, é necessário tomar alguns cuidados antes de investir em criptomoedas. “Quando a pessoa olha que o negócio multiplicou por 10, é interessante, mas é necessário ter cuidado com essa taxa, que pode ser uma ilusão. Não é todo mundo que consegue aproveitar todo movimento de valorização do mercado”, alerta Martin Iglesias, gerente de Oferta de Investimentos e Finanças Comportamentais do Itaú Unibanco.

O primeiro passo antes de alocar recursos em criptoativos é definir o porcentual da sua carteira que será destinado para esse produto. “Para aqueles que querem investir nesse ativo, a recomendação é trabalhar com pequenas exposições e participações para compor com outros produtos”, diz o executivo do Itaú Unibanco. Ele sugere que investidor com perfil conservador não deve investir nada; moderado, até 1% do total da carteira; arrojado, até 2%; e agressivo, 3%. “Caso ocorra uma desvalorização não perde muito”, avalia Iglesias.

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Além do porcentual, o executivo do Itaú Unibanco alerta que os investidores que desejam aplicar em moedas virtuais devem adotar a estratégia de rebalanceamento da carteira com o objetivo de manter o nível de risco dentro do adequado ao seu perfil de investidor.

Para tentar minimizar os riscos das moedas virtuais e ao mesmo tempo diversificar os investimentos em produtos diferentes, os fundos de criptomoedas podem ser uma alternativa. Os fundos de criptomoedas permitem variar o aporte sem precisar conhecer a fundo os ativos que vão compor o portfólio. É um produto semelhante aos demais fundos de investimento. O investidor compra cota e conta com a gestão de um profissional da área para definir em quais produtos os recursos serão aplicados. Este profissional acompanha de perto o mercado e faz as locações de acordo com a tendência e os objetivos do fundo. Se por um lado o cliente tem a sua disposição o investimento em uma gama de produtos, por outro, o investidor terá de pagar uma taxa de administração ou de desempenho.

Outra opção, conforme destaca Iglesias, é a aplicação dos recursos por meio do ETF (Fundo de Índice), que pode capturar ganhos e diminuir o risco. O primeiro ETF de criptomoedas da América Latina foi lançado neste ano no Brasil. O Hashdex Nasdaq Crypto Index, conhecido também pelo ticker HASH11, dará acesso aos investidores do varejo aos principais criptoativos do mercado. O novo produto abre mais uma opção para quem deseja investir em criptomoedas. Especialistas explicam que um dos diferenciais do ETF é que o fundo de índice é composto por 100% de criptomoedas. Os fundos de investimento temáticos, por sua vez, possuem limite de exposição de até 20% para os investidores do varejo. Em março deste ano, a Hashdex recebeu autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o lançamento desse ETF. “Houve uma mudança relevante na forma como os reguladores olham para esse ativo e isso traz um certo conforto para o investidor, que agora consegue investir da mesma maneira que investe em fundos ou ações”, diz Iglesias.

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