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Bresser critica uso da poupança externa para crescimento

Por Agencia Estado
Atualização:

O professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV), Luiz Carlos Bresser Pereira, criticou hoje o uso, por parte do governo, da poupança externa para promover crescimento sustentável no Brasil. Para ele, se houvesse uma redução na taxa básica de juros, a Selic, que conduzisse à diminuição na taxa de juros real, aliada à uma depreciação da taxa de câmbio, o governo teria poupado recursos fiscais suficientes para promover investimentos. Isso levaria à construção de uma poupança interna suficiente para realizar crescimento econômico. Ele observou que os investimentos no Brasil estão praticamente parados e que a economia já estaria mais estagnada do que hoje "se não houvesse os empréstimos subsidiados para o setor industrial e para o setor agrícola. Aí se pode viabilizar parcialmente os investimentos. Com isso, o País continua a crescer pouco, mas não pára completamente", afirmou. Bresser Pereira disse ainda que é possível manter uma taxa de juros real ? juro nominal descontada a inflação ? em torno de 2% a 3%. Segundo ele, foi construída uma idéia no Brasil, de que é "natural" uma taxa de juros real em torno de 9% no País, e que se assim não fosse "a inflação voltaria". Ele discordou da hipótese de que a volatilidade de um mercado emergente, como o Brasil, tornaria "naturalmente" as taxas de juros mais altas. "Se isso é verdade, como posso explicar que taxas de juros de países como Venezuela, Paraguai, Bolívia, Equador sejam incrivelmente mais baixas?", questionou. ?Arrumar as contas da casa? Na avaliação do economista, o Brasil absorveu demais as idéias do chamado "Consenso de Washington" que são diretrizes de macroeconomia desenvolvidas pelos países desenvolvidos, e não procura estabelecer uma diretriz econômica que seja eficiente para promover o desenvolvimento econômico do País. Ele citou como exemplo a discussão sobre as negociações entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional (FMI). "O enorme debate do que se vai fazer e o que não se vai fazer com o FMI, não faz sentido. O que temos que fazer é arrumar as contas da nossa casa e fazer a política que temos que fazer", afirmou.

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