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Brics devem levar coesão política ao G-20, diz Dilma

Por Tania Monteiro e NOVA DÉLHI
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, em seminário para cerca de 300 empresários brasileiros e indianos, que os países do Brics - Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul, onde está atualmente concentrado o crescimento da economia do mundo - precisam levar ao México, nos dias 19 e 20 de junho, para a Cúpula do G-20, "uma forte mensagem de coesão política". Segundo a presidente, os países emergentes, particularmente Brasil e Índia, devem aproveitar a oportunidade para criticar as políticas expansionistas dos países ricos e exigir que "tomem medidas efetivas para garantir a retomada da economia mundial". No discurso aos empresários, Dilma voltou a pedir reforma nos organismos internacionais de crédito, como Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI), para aumentar a participação dos emergentes nas decisões. Ela também insistiu na reforma do Conselho de Segurança da ONU.Na mesma linha, o ministro do Comércio da Índia, Sharma Annad, disse que os países dos Brics não podem ser excluídos das discussões e decisões nos fóruns internacionais, pois são "motores do crescimento global" e ajudarão os demais países a superar a crise. "Este é o momento. Este século é nosso", pregou ele em seu discurso. Para a presidente, Brasil e Índia têm "sólidas credenciais para lutar contra os efeitos das políticas monetárias expansionistas do mundo desenvolvido, que não têm tomado as providências necessárias para garantir a expansão de suas economias". Ela reconheceu que já houve uma melhora na crise e "foi evitada uma crise monetária mais aguda". Mas reiterou que é "imprescindível" adotar medidas para reverter o quadro de baixo dinamismo na economia mundial. "Todo nós aqui sabemos que o mundo vive uma grave crise econômica que expôs a fragilidade da governança internacional, que expôs o absoluto descontrole das relações financeiras dos países desenvolvidos e evidenciou as dificuldades enfrentadas nestes países, no que se refere ao desemprego assustador e à perda de direitos sociais conquistados ao longo de várias décadas", comentou a presidente. Dilma acrescentou que, embora a crise não tivesse sido criada pelos países em desenvolvimento, desde 2008, particularmente "em momentos de agudização da crise", os emergentes foram afetados.O comércio entre Brasil e Índia é hoje de US$ 9,2 bilhões e o objetivo é elevá-lo a US$ 15 bilhões até 2015. Para a presidente, existe "enorme e inquestionável potencial". Ela desafiou os empresários ao dizer que, apesar de o crescimento do comércio entre os dois países ter sido de 20% de 2010 para 2011, ainda é muito pouco diante do potencial.

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