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BRICs não querem competir com ninguém, diz Rússia

Segundo ministro russo, cúpula de países emergentes não tem a intenção de ser contra qualquer outra nação

Por Agência Estado e Dow Jones
Atualização:

Os líderes dos gigantes emergentes Brasil, Rússia, Índia e China realizam nesta terça-feira, 16, a primeira cúpula do grupo BRIC, em uma mostra de unidade diante da forte desaceleração global e para coordenar uma estratégia para aumentar a influência deles. Segundo o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, o grupo buscará formular princípios para desenvolver mais a arquitetura financeira global.

 

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"Um bebê acaba de nascer, essencialmente ainda está no berço", comentou. Em aparente referência aos EUA, ele acrescentou que a cúpula não tem como objetivo ser contra qualquer outra nação e não era "uma tentativa de competir com ninguém".

 

A ideia do grupo BRIC foi criada depois que uma nota de pesquisa do Goldman Sachs sugeriu que as quatro economias estavam se desenvolvendo de tal forma que poderiam estar entre as mais fortes do mundo até 2050. Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil; Dmitry Medvedev, da Rússia; Hu Jintao, da China; e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, vão se reunir em Ecaterimburgo, uma cidade cerca de 1.420 quilômetros ao leste de Moscou, nos Montes Urais.

 

Segundo a agência de notícias Interfax, os líderes também devem discutir sobre o fortalecimento de suas moedas nacionais para eventualmente torná-las potenciais moedas de reserva global.

 

FMI

 

Espera-se que os países do BRIC tornem-se grandes compradores dos primeiros bônus que o Fundo Monetário Internacional trabalha para emitir, em linha com os compromissos das economias desenvolvidas e em desenvolvimento para prover US$ 1,1 trilhão ao FMI e a outros organismos globais para ajudar os pobres durante a crise.

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A China já disse que considera comprar até US$ 50 bilhões do novo instrumento financeiro, enquanto a Rússia e o Brasil poderão comprar até US$ 10 bilhões cada. O auxiliar econômico do Kremlin, Arkady Dvorkovich, disse que a Rússia pode considerar investir suas reservas não apenas nos EUA e na Europa, mas também em instrumentos financeiros negociados por países do BRIC. Ele alertou, contudo, que nenhuma das propostas tem como objetivo prejudicar o dólar.

 

Tanto a Rússia quanto a China se mostraram nos últimos meses a favor de uma reforma nas estruturas financeiras globais, afirmando que há necessidade de uma nova moeda super nacional além do dólar para evitar uma repetição da crise econômica global. Moscou, em particular criticou fortemente o papel do dólar como moeda de reserva global dominante.

 

"O investimento crescente do BRIC nos bônus do FMI abre o caminho para um envolvimento e uma influência maiores e mais próximas pelos BRIC", afirmou Jan Randolph, chefe de análise de risco soberano do IHS Global Insight.

 

Mas analistas estão céticos de que o BRIC poderá criar uma nova moeda de reserva ou agir como uma entidade econômica ou financeira em breve, mesmo reconhecendo a importância do primeiro encontro do grupo. Rory MacFarquhar, economista baseado em Moscou do Goldman Sachs, disse que a importância da cúpula é mais política que econômica.

 

Consenso

 

Durante a reunião, a China deve defender um consenso estratégico e também um projeto para desenvolvimento futuro dos quatro países do grupo. "Nós esperamos que a reunião amplie o consenso estratégico, consolide a confiança mútua, crie coordenação para a luta contra a crise financeira e econômica global e delineie um projeto para o futuro desenvolvimento dos países do Bric", disse o vice-ministro de Relações Exteriores chinês, He Yafei, na terça-feira passada.

 

Durante uma reunião de representantes seniores dos países do BRIC sobre questões de segurança no dia 29 de maio, o conselheiro de Estado da China, Dai Bingguo, afirmou que os países do grupo deveriam trabalhar juntos para ampliar o consenso entre eles, trocar opiniões sobre grandes questões internacionais e regionais de interesse comum, reforçar a coordenação e a cooperação e facilitar a resolução de problemas.

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