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Brics são contra aporte extra antes de reforma do FMI

Por Daniela Milanese
Atualização:

Brasil, Rússia, Índia e China - grupo de países conhecido como Bric - são contra aportes adicionais no Fundo Monetário Internacional (FMI) enquanto não for feita uma reforma nas cotas da instituição. A posição foi fechada hoje, durante o encontro preparatório para a próxima reunião do G-20, em 2 de abril. "Há um desequilíbrio de participação no fundo", disse hoje o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O G-20 reúne vinte grandes economias do mundo, incluindo países desenvolvidos e emergentes.Os emergentes vêm apontando a necessidade de reequilíbrio na governança global, de forma que tenham um papel mais condizente com o status econômico obtido nos últimos anos.Atualmente, o FMI dispõe de US$ 250 bilhões, mas precisa de um capital de US$ 500 bilhões para atender as demandas impostas pela crise. Segundo Mantega, para que esse valor seja atendido, cada país do Bric teria de colocar cerca de US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões. "Os Brics não concordam e tomaram a posição de não fazer aporte adicional de recursos no FMI enquanto não houver reforma de cotas e vozes."A nova distribuição de cotas do fundo está prevista para o início de 2011. Mantega defende que essa revisão seja antecipada. "Não vejo a possibilidade de mudar a representação agora nesta reunião do G-20, mas se houver vontade política isso pode acontecer nas próximas."Ele vê a necessidade de aumento dos fluxos financeiros para os países que enfrentam falta de recursos diante da crise. Conforme o ministro, isso pode ser feito não somente por meio do FMI, mas por mecanismos paralelos ou acordos bilaterais. InvestimentosOs Brics concordaram em fazer uma política fiscal mais ativa para combater a crise global. A ideia é elevar os investimentos em infraestrutura e colocar em prática programas de reconstituição do crédito, estímulo setorial e ajuda social, como o auxílio a desempregados. "Os países concordaram que o resultado fiscal seja menos favorável em 2009", disse Mantega. Segundo ele, é importante que as nações depois coloquem metas para reconstituir o desempenho nos próximos anos. "É tolerável um resultado menos bom em dois anos, com um reequilíbrio depois."No entanto, os Brics não conseguiram fechar uma posição sobre o tamanho do estímulo fiscal a ser implementado em cada país. O Reino Unido está propondo que os pacotes sejam de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Para Mantega, isso seria colocar "uma camisa de força". "Dois por cento é bastante e talvez o Brasil não precise chegar (nesse porcentual)."SuperávitMantega afirmou que o governo trabalha para manter a meta de superávit primário, de 3,8% do PIB, usando as margens de flexibilidade disponíveis. Questionado se existia a possibilidade de reduzir a meta diante da crise, ele afirmou: "Ainda não temos definição".Segundo Mantega, se for usado o Programa Piloto de Investimentos (PPI), que permite a exclusão de alguns aportes da conta, o compromisso seria de 3,3%. Além disso, ainda é possível utilizar o Fundo Soberano.O ministro afirmou que a tendência é valorizar mais a meta de déficit nominal, de 2,5% para 2009, considerada mais abrangente. No ano passado, esse número ficou em 1,5%.Fórum de estabilidadeOs Brics foram convidados a fazer parte do Fórum de Estabilidade Financeira (FSF, na sigla em inglês). Criado em abril de 1999 pelo G-7 (grupo das sete nações mais ricas), com sede na Basileia, a entidade tem o objetivo de promover a troca de informações e a cooperação internacional na supervisão financeira. Até então, o grupo era composto por autoridades de 12 países, além de instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial, o FMI, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Banco de Compensações Internacionais (BIS).Agora, todos os representantes do G-20 que não faziam parte do FSF estão sendo convidados a participar. A diferença é que os Brics terão três cadeiras cada um, enquanto os demais terão uma cadeira, explicou Mantega. "É um avanço porque teremos uma representação maior", disse o ministro. "O órgão é pouco usado, poderia ser mais usado na crise."

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