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Briga por opções e queda de commodities pressionam Bovespa

Por ALUÍSIO ALVES
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Uma nova rodada de queda nos preços de commodities, combinada com a proximidade do exercício dos contratos de opções, filtrou o efeito positivo de Wall Street sobre a Bolsa de Valores de São Paulo, que voltou a fechar no vermelho nesta quinta-feira. Noutra sessão de volatilidade intensa, o Ibovespa encolheu 1,06 por cento no final do pregão, para 36.441 pontos. O volume financeiro do dia foi de 5,52 bilhões de reais. Pela manhã, o noticiário indicava que seria outro dia de massacre nos mercados de ações. De um lado, gigantes financeiros revelaram novos estragos da crise ao divulgarem os resultados do terceiro trimestre. O Merrill Lynch teve prejuízo de 5,1 bilhões de dólares. O lucro do Bank of New York Mellon caiu 53 por cento, e o Citi teve prejuízo de 2,8 bilhões de dólares, completando 12 meses de perdas. De outro, dados dos Estados Unidos descortinavam os primeiros sinais incontestáveis de que a recessão já chegou. A produção industrial do país caiu 2,8 por cento em setembro, a maior queda desde dezembro de 1974. E o índice de atividade empresarial no Meio-Atlântico caiu para o nível mais baixo desde outubro de 1990. A primeira reação foi a mais lógica. Os principais índices das bolsas nova-iorquinas chegaram a desabar mais de 4 por cento, movimento que arrastou o Ibovespa para uma queda de mais de 8 por cento. Como as bolsas norte-americanas já haviam registrado quedas percentuais diárias desde 1987, os preços bastante baixos das ações atraíram uma onda gigantesca de ordens de compra dos caçadores de barganhas. Com uma recuperação fulminante, o Dow Jones decolou 4,68 por cento. Por aqui, essa reviravolta foi suficiente apenas para amenizar as perdas do Ibovespa, que ainda refletia a influência da queda generalizada das commodities sobre os preços de algumas das principais ações da carteira. Petrobras, a pior do índice, viu sua ação preferencial desabar 7,5 por cento, depois de o barril do petróleo ter caído abaixo dos 70 dólares. Vale caiu 2,1 por cento, a 23 reais. "Mas isso pode ter tido alguma influência do vencimento de opções", disse André Querne, sócio da Rio Gestão de Recursos. As duas ações são as mais importantes desse mercado e também as mais importantes da carteira teórica. Mas o índice também foi fortemente pressionado pelo setor bancário, já que investidores correram a realizar lucros com algumas das ações que mais subiram no início da semana, depois que o Banco Central ampliou medidas para dar mais liquidez ao sistema financeiro. Unibanco foi a pior do segmento, desabando 6,1 por cento, para 13,80 reais. A queda só não foi maior por causa da escalada de algumas ações, por motivos pontuais. Gol refletiu bem a queda do petróleo e foi a melhor do índice, escalando 24,3 por cento, a 9,20 reais. Companhia Siderúrgica Nacional decolou 17,3 por cento, para 29,65 reais, depois de notícias de que um consórcio japonês, incluindo a Nippon Steel e a Itochu, teria decidido comprar 40 por cento da Namisa, unidade de minério de ferro da CSN. A CSN, consultada, disse que não comenta rumores de mercado. (Reportagem de Aluísio Alves)

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