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Brown propõe fundo de US$ 21 bi em reunião do G4 em Paris

Primeiro-ministro britânico apresentará pacote durante reunião dos líderes europeus para discutir crise

Por Agências internacionais
Atualização:

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, irá propor neste sábado, 4, a criação de um fundo europeu de 12 bilhões de libras (US$ 21,2 bilhões) para ajudar pequenas empresas durante a crise financeira internacional. Brown fará a proposta durante reunião dos líderes dos quatro países europeus do G8 (Alemanha, França, Itália e Reino Unido), que se realiza nesta manhã em Paris. " Vou propor um fundo de 12 bilhões de libras para que as pequenas empresas de nosso país e do resto da Europa possam obter dinheiro de forma imediata", disse Brown. "Estamos vendo que, independentemente das medidas nacionais que estamos tomando, há problemas globais como o petróleo e a crise do crédito que precisam de soluções globais", disse Brown em sua residência oficial de Downing Street, antes de viajar a Paris. "Por isso, vou propor aos líderes que trabalhemos juntos para limpar o sistema (financeiro), tanto nos Estados Unidos como na Europa, onde temos enfrentado problemas", ressaltou o primeiro-ministro. Veja também: Bush sanciona lei que prevê US$ 700 bilhões contra a crise Aprovação do pacote protege o povo americano, diz Paulson Aprovação demonstra compromisso do governo, diz Bernanke Recurso extra reduz impopularidade de plano, diz economista Crise afetará neoliberalismo, dizem analistas Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise Entenda o pacote anticrise que passou no Senado dos EUA A cronologia da crise financeira  Veja como a crise econômica já afetou o Brasil Entenda a crise nos EUA  Brown afirmou ainda que estabelecerá um calendário de reuniões internacionais para combinar as mudanças que "abrirão essas áreas (do sistema financeiro) que até agora eram fechadas e nada transparentes". Para o presidente francês e idealizador do encontro, Nicolas Sarkozy, "este é um problema mundial que requer uma resposta mundial". A proposta de Brown, porém, já encontra resistência. Os ministros alemães da Economia, Michael Glos, e de Finanças, Peer Steinbrück, rechaçaram a criação de um plano de resgate europeu para os bancos, segundo a agência AFP. "Um plano de urgência europeu é uma forma de os bancos se esquivarem de ações que eles mesmos devem implementar", indicou o ministro da economia ao jornal Bild am Sonntag. Em sua chegada ao Palácio do Eliseu, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, declarou aos jornalistas que os políticos vão assumir suas responsabilidades, mas que aqueles que estão na origem desta crise também devem assumir as suas. A reunião conta com a presença dos chefes de Estado e de governo da França, da Alemanha, do Reino Unido e da Itália, além de representantes da Comissão Européia, do Banco Central Europeu (BCE), do Eurogrupo e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Tamanho peso político, entretanto, só reforça o desafio da reunião de Paris: selar a paz diplomática e encontrar o consenso até o evento mais decisivo, a Cúpula do Conselho Europeu, em 15 de outubro. A tendência, porém, é de que os anúncios se restrinjam à regulação contábil do setor. Nos últimos cinco dias, as divergência entre o grupo formado por governos da Holanda, da Bélgica e da França e outro, liderado pela Alemanha, vieram à tona em torno da proposta de uma ação coordenada para a crise. Holandeses, belgas e franceses seriam favoráveis a uma espécie de "Plano Paulson" europeu, um fundo de resgate do sistema bancário, cujo custo seria estimado em € 300 bilhões. A reserva teriam origem a partir da arrecadação de uma fatia de 3% do produto interno bruto (PIB) de cada país da União Européia. O ministro da Economia alemão, Peer Steinbrück, disse não, abrindo a controvérsia. A questão pendente, se o fundo de resgate realmente não for criado em Paris, concentra-se sobre as medidas que poderão ser anunciadas em Bruxelas. Era essa a questão que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, os primeiros-ministros da Itália, Silvio Berlusconi, e do Reino Unido, Gordon Brown, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, se esforçavam para responder. Na capital francesa, existiam apenas especulações sobre um projeto anti-crise que poderia vir a tona em duas semanas, em Bruxelas. 'Diretiva Européia' Em carta endereçada ao presidente da Comissão Européia, em 10 de setembro, Nicolas Sarkozy responsabilizou o setor financeiro "pelo estouro da crise de confiança que afeta as nossas economias". "O retorno da confiança passará por uma linguagem clara sobre o que aconteceu e um discurso firme sobre o que é preciso fazer", diz o texto, concluindo: "A Europa deve ser exemplar nos sistemas de vigilância, de alerta e na organização da supervisão das atividades financeiras". No que chama de "Diretiva Européia", Sarkozy propõe quatro medidas centrais: a criação de um mecanismo europeu que integre as instâncias nacionais de controle - provavelmente reforçando o papel do Comitê Europeu de Supervisores, criado em 2004; a elaboração de regras continentais para a fiscalização de grandes grupos financeiros pelas instituições nacionais; uma nova regulamentação do setor de seguros; e o controle das agências de notação. Essas medidas devem ser levadas à cúpula do Conselho Europeu, em 14 e 15 de outubro, em Bruxelas. O problema é que, em comum, essas ações têm o fato de serem importantes para prevenir futuras crises, e não impedir o aprofundamento da atual. Além disso, elas têm um significado mais amplo: redirecionar a economia para o desenvolvimento. "Se continuarmos voltados ao curto termo, temos encontro marcado com novas catástrofes econômicas", alertou ao Estado René Ricol, coordenador de um relatório sobre a crise financeira encomendado pelo presidente francês. "Precisamos de menos especulação e mais desenvolvimento. Isso se faz com mais transparência dos sistemas de regulação e controle de bancos e seguradoras, para que possamos proibir determinadas operações e evitar operações secretas." (com Andrei Netto, correspondente especial de O Estado de S. Paulo)

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