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Bruxelas e Atenas negociam acordo de última hora contra calote, diz mídia grega

Jornal Ekathimerini e site de informação Newsit afirmam que governo de Alexis Tsipras estaria sendo pressionado a acatar proposta europeia, em um recuo político

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Por Redação
Atualização:

PARIS - Diante da pressão interna e externa pela permanência da Grécia na zona do euro, o primeiro-ministro do país, Alexis Tsipras, estaria considerando nesta terça-feira, 30, voltar atrás e aceitar o acordo proposto pela União Europeia no último domingo. A informação foi publicada na manhã de hoje pelo jornal grego Ekathimerini. 

Segundo a publicação, membros de alto escalão do governo e da Coalizão Radical de Esquerda (Syriza), maior da base de sustentação do premiê, estariam pressionando por um recuo imediato. "A pressão causada pelo fechamento dos bancos e pela expiração do programa de resgate da Grécia nessa terça-feira levou membros do governo a urgir Tsipras a aceitar a oferta feita por Juncker", diz o jornal, referindo-se ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Manifestantes foram às ruas para pedir que Grécia não se renda aos credores Foto: Louisa Gouliamaki/AFP

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A oferta em questão é a mesma que o governo de Tsipras recusou no final de semana, deixando a mesa de negociações e acusando Bruxelas de chantagear o governo de Atenas. O plano prevê a adoção de um novo pacote de austeridade fiscal no valor de € 7,6 bilhões. Essa oferta já prevê avanços exigidos por Atenas, como a possibilidade de manter a TVA, o imposto europeu sobre consumo e serviços, em 13% para o setor hoteleiro, e não 23% como solicitavam os credores internacionais - Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).

De acordo com o jornal britânico Financial Times, essa possibilidade de acordo de última hora em torno da proposta do domingo teria sido negada por membros do governo, mas uma alternativa estaria sendo estudada.

O acordo, segundo Ekathimerini, estaria sendo intermediado pelo governo da França. Na segunda-feira, o presidente francês, François Hollande, reiterou que sua administração estaria pronta a intervir por novas negociações. "A França quer que a Grécia siga na zona do euro e está pronta a agir, mas só pode fazê-lo se houver a vontade comum de chegar a um acordo", afirmou ontem em declaração no Palácio do Eliseu, reiterando: "A França ainda está disponível para que o diálogo possa ser retomado."

Outro veículo grego, o portal de informações Newsit, também informou sobre as negociações de último minuto em curso entre Atenas e Bruxelas para tentar evitar o default de pagamentos por parte do governo de Tsipras. A Grécia tem até a meia noite de hoje para reembolsar quatro parcelas devidas ao FMI, no valor total de € 1,6 bilhão. 

Newsit afirma que o acordo não envolveria o FMI, mas apenas os credores europeus.

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Um eventual entendimento entre Atenas e Bruxelas nos termos propostos pela União Europeia devem levar a consequências políticas graves para o primeiro-ministro grego. Isso porque desde o final de semana Tsipras vem pregando o voto contrário ao acordo - "Não" - no plebiscito que convocou para o domingo. Ontem, em entrevista à televisão grega ERT, o premiê insinuou que entregaria o posto em caso de vitória do "Sim" ao acordo. "Eu agirei em linha com a constituição", limitou-se a afirmar, deixando a porta aberta à demissão ou à formação de um governo de unidade nacional.

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