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Bush cria pacote de ajuda a vítimas do subprime

Plano permite que mutuários com prestações atrasadas há mais de 90 dias refinanciem o imóvel

Por Patrícia Campos Mello
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciou ontem um pacote para ajudar as vítimas da crise do subprime. A principal medida permite que pessoas com prestações atrasadas há mais de 90 dias refinanciem o imóvel com a Agência Federal de Habitação a taxas de juro menores. Bush exortou as empresas de hipoteca a serem mais flexíveis e disse que apóia medidas para aumentar a fiscalização desse mercado. "Minha prioridade é ajudar proprietários de imóveis a navegar nesses desafios financeiros para que o maior número possível de famílias possa permanecer em suas casas." Ele ainda ressaltou que a economia americana continua indo muito bem. "Os recentes distúrbios no mercado de hipotecas subprime são modestos em relação ao tamanho de nossa economia", disse. "É claro que, para a família com problemas para pagar as prestações, eles não são modestos." O Centro para Empréstimos Responsáveis estima que 2,2 milhões de pessoas estão com dificuldades para pagar as prestações e muitos terão as hipotecas executadas nos próximos meses. O maior problema são as taxas de juros ajustáveis, que começam baixas e têm um salto após dois anos. O presidente também prometeu trabalhar com o Congresso para aprovar uma lei que isente de impostos os proprietários que vendem as casas na emergência ou entram em acordos com empresas de hipotecas. Ele disse que o governo não vai resgatar os proprietários de imóveis ameaçados de execução porque isso só levaria o problema a se repetir. "Não é função do governo resgatar especuladores ou pessoas que decidiram comprar uma casa sabendo que não iam conseguir pagar", disse Bush. "Mas há muitos americanos que podem atravessar essa época difícil com um pouco de flexibilidade dos financiadores ou ajuda do governo." A ampliação dos empréstimos da Agência de Habitação vai permitir que outros 80 mil proprietários usem o programa, além dos 160 mil que, estima-se, já o usariam neste ano e no próximo. Mas os empréstimos que podem ser refinanciados continuam sujeitos a limitações e, segundo críticos, a medida não vai ser ampla o suficiente para fazer diferença. O governo continua se opondo à sugestão dos Democratas de aumentar o valor de papéis hipotecários que a Fannie Mae e a Freddie Mac, companhias de financiamento imobiliário subsidiadas pelo governo, podem manter em seus portfólios. O presidente anunciou que está estudando um aperto na regulamentação do setor de empréstimos imobiliários para coibir práticas predatórias. Além disso, vai investigar o papel das agências de classificação de risco - algumas são acusadas de dar notas excessivamente positivas a títulos lastreados em hipotecas comprados por fundos hedge e outras instituições. "Se o consumidor estiver mais informado, esses problemas não voltarão a ocorrer."

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