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Bush propõe medidas para acalmar crise das hipotecas

Por TABASSUM ZAKARIA
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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, tentou na sexta-feira acalmar a turbulência nos mercados financeiros, causada pela crise no crédito, anunciando propostas para evitar que a inadimplência dos mutuários em hipotecas arriscadas. O aumento das inadimplências nas chamadas hipotecas de alto risco, o chamado subprime, provocou volatilidade nos mercados financeiros do mundo todo, suscitando o temor de que a economia norte-americana possa entrar em recessão. Para tentar apaziguar esse tipo de preocupação, Bush disse que a economia norte-americana é saudável o suficiente para suportar a crise no crédito, e que os problemas no mercado subprime representam apenas uma parte "modesta" da economia. Mas ele ressaltou que não é obrigação do governo federal socorrer a indústria de concessão de empréstimos imobiliários, declaração que fez os preços das ações nos EUA reduzir sua alta. "O governo tem um papel a desempenhar. Mas ele é limitado. Um socorro federal aos emprestadores só incentivaria a recorrência do problema", disse Bush numa declaração nos jardins da Casa Branca. Num simpósio de bancos centrais em Jackson Hole, Wyoming, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, deixou bem claro que está seguindo a política apelidada de "rigor com amor" em relação aos tomadores de empréstimos, e especialmente em relação aos credores. "Não é responsabilidade do Federal Reserve, nem seria apropriado, proteger aqueles que concederam empréstimos e os investidores das consequências de suas decisões financeiras", disse Bernanke. Bush pediu aos credores que conversem com os mutuários para renegociar as hipotecas e evitar calotes. Também pediu ao Congresso que aprove o projeto de lei apresentado por ele no ano passado para modernizar a Administração Habitacional Federal (FHA, na sigla em inglês), que prevê seguro hipotecário a mutuários, através de uma rede de credores privados. A FHA deve lançar em breve um novo programa chamado "FHA Secure", para permitir aos proprietários de imóveis que tenham bom histórico financeiro, mas que não estejam conseguindo honrar os pagamentos atuais, refinanciar suas hipotecas seguradas pelo órgão, disse Bush. "Isso significa que muitas famílias que estão com dificuldades agora poderão refinanciar seus empréstimos, honrar seus pagamentos mensais e ficar com suas casas", afirmou. Bush também prometeu trabalhar junto com o Congresso, controlado pela oposição democrata, para fazer uma reforma temporária no código tributário federal que facilite o refinanciamento das hipotecas pelos proprietários de imóveis. Analistas financeiros disseram que as propostas de Bush não devem ter impacto imediato para os proprietários de imóveis que estejam correndo o risco de dar o calote em suas hipotecas. "Não acho que ele esteja definindo um plano de resgate. É mais um recado. É mais exibição", disse Richard Steinberg, presidente da Steinberg Global Asset Management, em Boca Raton, Flórida. O governo Bush resiste às propostas de aumentar o limite na quantidade de hipotecas imobiliárias que as gigantes Fannie Mae e Freddie Mac podem manter em seus portfólios. (Reportagem adicional de Glenn Somerville, Caren Bohan, Andy Sullivan)

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