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'Caçadores de gastos' buscam espaço no País

Franquia de consultoria mapeia desperdício de dinheiro em empresas com faturamento de até R$ 400 milhões por mês

Por Renato Jakitas
Atualização:

Entregar o fluxo de caixa para um especialista com a incumbência de encontrar falhas e, como consequência, enxugar gastos tidos como desnecessários pode ser uma tarefa difícil para o empresário. Mas é justamente esse o serviço proposto pela britânica Expense Reduction Analystis (Era). A empresa promete vasculhar a contabilidade alheia para então fechar a torneira em áreas que não resultam em receita direta para o empreendedor. O negócio mescla o conceito de franchising ao formato tradicional de consultoria.Cada franqueado - são 700 deles no mundo e nove no Brasil - faz um investimento inicial de R$ 90 mil e um desembolso extra de US$ 5 mil (cerca R$ 10 mil) para um treinamento presencial na Inglaterra. Às empresas atendidas, a consultoria promete uma economia de quase 20% nos departamentos analisados."O empresário não gosta mesmo de abrir as contas para uma consultoria. Mas, no nosso caso, a gente não entra em contato com as áreas estratégicas do negócio, que permanecem intactas. Focamos apenas nas categorias não relacionadas ao negócio principal", afirma Fernando Macedo, um engenheiro que há sete anos investiu US$ 1 milhão (cerca de R$ 2 milhões) para adquirir o licenciamento da empresa no Brasil. "Basicamente, revisamos os gastos, auditamos toda a documentação e definimos novos processos para o funcionamento desses departamentos." Espécie de caçadora de gastos, a Era tem como foco empresas com faturamento mensal entre R$ 20 milhões e R$ 400 milhões. Quanto aos custos do serviço, os honorários da consultoria não são determinados previamente, pois dependem da economia obtida durante o processo de investigação."Ficamos com 50% do que a empresa conseguiu reduzir de gastos por um período de 24 meses, tempo em que geralmente dura a nosso trabalho", afirma Fernando, que estima um faturamento de R$ 84 mil para o franqueado no primeiro ano.Fernando esclarece que "áreas que não geram receita direta" são aquelas criadas e mantidas pela empresa a fim de dar suporte à atividade principal. O engenheiro enumera cerca de 40 dessas categorias em uma lista que envolve desde a gestão dos custos de energia elétrica, passando pelos desembolsos com transporte, logística, limpeza, segurança, refeições e até com viagens de funcionários."Em média, as empresas comprometem 20% dos gastos com essas categorias indiretas. Historicamente, conseguimos uma redução de 19,7% nesses desembolsos. Mas, em áreas como telecomunicações, conseguimos uma economia média de até 29%", aponta Fernando.Carência. Para Fábio Frezatti, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), serviços como o oferecido pela Era, apesar de não representarem uma novidade para o mercado de consultoria, têm pela frente perspectivas interessantes de mercado. A demanda é respaldada, diz ele, sobretudo por conta da carência dos empresários na gestão de áreas que fogem de sua especialidade. "Não é que as empresas sejam 'gastonas'. O problema é que donos de negócios em crescimento costumam enxergar com mais atenção áreas estratégicas, como o departamento comercial. Quando precisam colocar dinheiro ou pensar em processos para áreas de suporte, os empresários o fazem com uma dor no coração", destaca o especialista. O ponto sensível do negócio, afirma Frezatti, está na atração de clientes, justamente pela pouca disposição do empreendedor em abrir suas contas para um consultor independente. "(Aceitar a parceria com um consultor) vai ser um desafio. Para crescer no Brasil, a Era vai ter de investir em um 'namoro' com os clientes muito bem estruturado. O empresário brasileiro terá de perceber antes a proposta da consultoria com muita lucidez."

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