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Cacciola será transferido para cela especial em Bangu 8

Ex-banqueiro chegou ao País nesta madrugada, após oito anos foragido; advogados acompanham habeas-corpus

Por Adriana Chiarini e da Agência Estado
Atualização:

O ex-banqueiro Salvatore Cacciola será transferido ainda nesta quinta-feira, 17, do presídio Ary Franco, no bairro de Água Santa, zona norte do Rio, para a penitenciária de Bangu 8, zona oeste do Rio, onde ficará em cela especial para portadores de diploma de curso superior. Os advogados de Cacciola, Carlos Ely Eluf, Guilherme Eluf, e Alan Bousso, estiveram no final desta manhã na Secretaria de Administração Penitenciária e informaram que a transferência será feita ainda nesta quinta, mas não se sabem dizer em que horário.   Eluf e Bousso embarcam às 14 horas do Rio para Brasília, onde pretendem ir ainda nesta quinta ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde Cacciola tem mais dois pedidos de habeas-corpus em tramitação, além do que foi concedido para que ele não fosse algemado ao chegar ao Rio, de Mônaco, nesta madrugada.   Veja também: Depois de chegar ao Brasil, Cacciola afirma que nunca foi um foragido  Após extradição, Cacciola chega ao País e vai a presídio no Rio 'Não sou um foragido e confio na Justiça brasileira', diz Cacciola Após extradição, Cacciola diz que errou ao ir para Mônaco Sem algemas e descontraído, Cacciola aguarda retorno ao Brasil Entenda o caso do ex-banqueiro Salvatore Cacciola   De acordo com os advogados, Cacciola ficou mais de 81 dias preso em Mônaco, e isso seria ilegal porque este é o prazo máximo para prisão temporária. No entanto, o ex-banqueiro está preso por ter sido condenado em primeira instância por crimes contra o sistema financeiro. Há um outro habeas-corpus em favor de Cacciola, no Supremo Tribunal Federal (STF), questionando a competência da primeira instância para julgar o caso.   No STF, os advogados alegam que o ex-banqueiro teria direito a foro privilegiado. Argumentam que como um dos co-réus do processo é o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, o caso deveria ser julgado no Supremo. Segundo eles, o cargo de presidente do BC, atualmente, dá status de ministro, e ministros só podem ser julgados na Corte máxima do País.   Cacciola ficou oito anos foragido, sendo condenado pela Justiça brasileira em 2005. Ex-dono do Banco Marka, Cacciola foi acusado de causar um prejuízo de R$ 1,3 bilhão ao Banco Central (BC), e chegou a ficar preso em 2000 - mas conseguiu um habeas-corpus que o livrou da prisão naquele ano. Após a soltura, fugiu para Itália (o ex-banqueiro tem dupla nacionalidade).   De acordo com Carlos Eluf, Cacciola não voltou ao Brasil por ter cidadania italiana e estar em seu país de origem. O advogado também argumentou que existe no Direito "o princípio natural de fuga", que se refere a um instinto humano.   Operação   A operação montada pela Secretaria Nacional de Justiça para transferi-lo começou às 10h20 de quarta-feira, no principado. Um grupo de sete pessoas, entre as quais um adido consular, um promotor e agentes da PF, encontraram-se com o diretor de Serviços Penitenciários, Philippe Narmino, no Palácio de Justiça de Mônaco.   Pouco depois das 13h30, horário local - 8h30 em Brasília -, Cacciola deixou a prisão Maison d'Arrêt, na qual viveu desde 15 de setembro. A seguir, ele foi transferido em helicóptero para o Aeroporto Internacional de Nice-Côte d''Azur, em Nice, no sul da França, quando teve seu primeiro contato com o público. Passava das 16 horas quando Cacciola embarcou no vôo AF 7715 da Air France.   A movimentação de policiais franceses chamou atenção dos que esperavam o embarque. Nesse momento, Cacciola permaneceu cerca de 20 minutos exposto ao público, que reagia curioso e tirando fotografias. O empresário não se mostrou constrangido com o assédio dos fotógrafos, mas não quis falar aos jornalistas.   Já no Airbus A320, Cacciola sentou-se cercado de dois policiais. Pediu suco de maçã e permaneceu sentado quase todo o vôo, levantando-se apenas para ceder passagem a um dos delegados da PF que sentava à janela. Na chegada a Paris, foi protegido dos fotógrafos e levado a uma zona de segurança do terminal A do Aeroporto Charles de Gaulle. Lá, embarcou, às 22 horas, no vôo JJ 8055 da TAM com destino ao Rio de Janeiro, cidade que deixou em 2000, antes de partir para o Paraguai e, em seguida, para Roma, onde viveu em liberdade até 2007.

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