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Cadeia produtiva argentina ameaça parar em março

Por Agencia Estado
Atualização:

As entidades rurais ameaçam realizar um locaute (greve patronal) geral da cadeia produtiva de grãos, por tempo indeterminado, a partir do dia 5 de março. O movimento do setor propõe até que os exportadores não liquidem suas divisas, o que geraria uma nova dor de cabeça para o governo porque reduziria a oferta de dólares no mercado de câmbio, pressionando a alta da moeda. Os representantes do setor, entre elas a Sociedade Rural Argentina (SRA), Confederação Agrária (CRA), Federação Agrária (FA) e Coniagro, reuniram-se com o ministro da Produção, Aníbal Fernández, o secretário de Agricultura, Haroldo Lebed, o diretor da Administração Federal de Ingressos Públicos (Afip), Alberto Abad, e o sub-secretário de Ingressos Públicos, Eduardo Ballesteros. Segundo o setor, não houve receptividade às reivindicações. Assim como os demais setores produtivos argentinos, as entidades rurais querem realizar seus balanços com base na inflação na data do pagamento do Imposto de Renda. O setor também reclama que o IVA diferencial de 10,5% para a venda de grãos se eleve a 21% para eliminar saldos irrecuperáveis ou que este saldo possa ser utilizado para pagar impostos. É que os produtores vendem com IVA de 10,5% e compram insumos com uma alíquota de 21%. Do governo, as entidades ouviram que nenhuma das duas reivindicações serão atendidas. "Vocês não são o único setor com reclamações e nós temos que cumprir uma meta fiscal muito clara neste primeiro trimestre", disse o titular da Afip. O órgão arrecadador afirma que não há comprovação de que o IVA diferencial esteja gerando diferenças nos balanços e não "neutralidade". Subordinada ao Ministério de Economia, a Afip compareceu à reunião com a ordem estrita do ministro Roberto Lavagna de não ceder nenhum milímetro, já que, por seus cálculos, uma medida como o ajuste dos balanços pela inflação na hora de pagar o imposto de renda levaria o governo a perder cerca de 3 bilhões de pesos. O presidente da Sociedade Rural, Luciano Miguens, não poupou críticas: "Este governo está colocando, uma vez mais, as metas fiscais como prioridade em detrimento do aumento da produtividade dos setores dinâmicos". Miguens se disse surpreso pelos resultados negativos da reunião com o governo, já que o diálogo vinha caminhando em sentido de "convergência". Ontem à tarde, as entidades convocaram uma série de reuniões emergenciais - que se prolongaram até à noite - das quais participaram corretores da bolsa de comércio, exportadores, produtores de óleos, fornecedores de sementes, representantes das bolsas de cereais e produtores agropecuários. O setor agropecuário decidiu dar 15 dias para o governo "repensar" as reivindicações do setor e dar uma palavra final sobre o assunto. Se a resposta for ?não?, a greve geral será inevitável. A idéia é paralisar a comercialização de grãos e interromper os embarques para o exterior, assim como a liquidação das divisas. Os exportadores aproveitarão para reclamar os mais de 1,2 bilhões de pesos que o governo deve por conta da não devolução do IVA e outros 576 milhões por conta do fator de convergência, criado pelo ex-ministro Domingo Cavallo.

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