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Caem os preços relativos na Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

A Argentina, que nos últimos anos brilhou sempre na lista de países de custo de vida dos mais caros do mundo, está agora bem mais barata. A desvalorização do peso, no dia 3 de janeiro deste ano, e a forte recessão, que se estende há mais de três anos, fizeram despencar os preços relativos, tanto de produtos de consumo como os de serviços. Embora ainda exista temor de uma disparada dos preços por uma eventual alta do dólar e por causa do risco latente de uma explosão da inflação, no dia-a-dia isso ainda não ocorreu. Não só pela falta de liquidez de pesos, provocada pelo congelamento parcial dos depósitos dos argentinos (corralito), como pela pesquisa que os argentinos vêm fazendo para encontrar melhores preços. Como nunca nos últimos 11 anos, período em que o peso argentino e o dólar mantiveram paridade de 1 por 1, os argentinos começaram a pesquisar quem ou o quê aumentou. Os bares, cafés e restaurantes, por exemplo, não só mantiveram seus cardápios em pesos como alguns já os estão reduzindo, tal a falta de clientes. Recoleta Na Recoleta, tradicional bairro aristocrata e chique de Buenos Aires, o preço médio de um jantar, incluindo vinho e água, ainda é de 45 pesos. Há um mês, antes do fim da conversibilidade, quando o dólar passou para 1,40 peso, esse jantar valia, em dólares, os mesmos 45 (cerca de R$ 110). Hoje, mesmo utilizando a taxa oficial de 1,40 peso, esse jantar custa US$ 32 (RS$ 77,00). Usando a cotação do paralelo (entre 1,65 e 1,75 peso), desde que a pessoa esteja disposta a enfrentar filas gigantescas em frente às casas de câmbio ou bancos no centro de Buenos Aires, o jantar na Recoleta, onde belas recepcionistas tentam atrair clientes com seus dotes físicos e sorrisos forçados, custaria ainda menos, US$ 26,00 (R$ 63,00). Nas ruas de Buenos Aires, os tradicionais cafés também mantiveram seus preços em pesos. Agora, com a crise econômica cada vez pior, é comum tomar um café com 2 ou 3 pesos (R$ 2,8 a R$ 4,3) e não mais com US$ 2 ou US$ 3 (R$ 4,8 a R$ 7,3). Nos quiosques, onde os taxistas, principalmente, fazem uma rápida parada durante o dia de trabalho, é possível tomar um refrigerante ou uma cerveja com 1 peso, comer um hambúrguer completo ou um bife à milanesa também com 1 peso e tomar um café com outro peso. Em alguns desse lugares, cartazes prometem troco em pesos às pessoas que paguem mesmo em patacones (título do governo de Buenos Aires). Big Mac Nas lojas do McDonald?s, o Big Mac é vendido a 2,50 pesos (US$ 1,47), ou R$ 3,50. Em dezembro do ano passado, o Big Mac, que a revista The Economist adotou há muitos anos como índice de inflação, custava os mesmos 2,50 pesos, que representam US$ 2,50, ou pouco mais de R$ 6,00. Isto é, comparativamente ao Brasil, todos os preços na Argentina há pouco mais de um mês estavam mais de o dobro. No Centro financeiro, conhecido com City, é possível almoçar com 5 a 10 pesos (R$ 14,00). "Entrei na moda de comer por ´cinco mangos´ (como dizer cinco paus, no Brasil). É a moda de ser pobre", costumam dizer, com certo sarcasmo, alguns operadores da Bolsa de Buenos Aires. Em Puerto Madero, outro reduto da classe média alta argentina e de turistas, o cardápio de alguns restaurantes ficou tão barato que não dá nem para acreditar. Um cartaz no chique Xcaret, próximo à nova ponte que liga Puerto Madero ao Hotel Hilton, dizia : "Aceitamos patacones, lecops e sugestões para não afundar". O prato executivo, na semana passada, estava sendo servido por apenas 10 pesos (RS$ 14,50). Cuidados É bom lembrar, entretanto, que o "novo" turista, que ainda não viveu a nova realidade argentina depois da desvalorização, terá de ficar muito atento às cotações do dólar em determinados lugares. Por determinação do governo argentino, a moeda norte-americana não pode ser mais aceita como há um mês, quando era possível comprar até uma caixa de fósforo com essa divisa. Alguns lugares públicos, principalmente os restaurantes, podem até aceitar o dólar em cash, porém com base na cotação oficial, 1,40 peso. O remis (taxi especial no aeroporto de Ezeiza, aceita também a moeda norte-americana, mas também com essa mesma taxa de câmbio. Os hotéis, fornecem a conta em pesos. Para pagar, o turista pode optar pelo dólar ou pelo cartão de crédito, porém a cotação será sempre na base de 1,40 peso por dólar. Leia o especial

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