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Caem saques em fundos DI e renda fixa

Um estudo do site Fortuna verificou que o volume de saques nos fundos de renda fixa prefixada e os fundos DI diminuiu. Em junho, levando-se em conta as duas modalidades, o total ficou em R$ 18,389 bilhões. No mês passado, caiu para R$ 2,187 bilhões.

Por Agencia Estado
Atualização:

O volume de saques nos fundos de renda fixa prefixada e nos fundos referenciados DI (pós-fixados) está diminuindo, mas a retomada da confiança do investidor ainda é lenta. Um estudo do site Fortuna mostra que a maior saída de recursos nessas carteiras aconteceu no mês de junho, quando os fundos DI registraram saques R$ 8,570 bilhões e os fundos prefixados, R$ 9,818 bilhões. De lá para cá, os saques diminuíram, mas o saldo ainda permanece negativo. Para se ter uma idéia, no mês passado, a captação líquida dos fundos DI ficou negativa em R$ 1,288 bilhão e, em novembro, até o dia 5, os saques estavam em R$ 247,950 milhões. Já os fundos de renda fixa prefixada registraram saques de R$ 899,882 milhões em outubro e até o dia 5 de novembro, R$ 696,971 milhões. No acumulado do ano, o estudo do site Fortuna apontou captação líquida negativa acumulada em R$ 55,277 bilhões, considerando-se os fundos DI e as carteiras de renda fixa prefixada. De acordo com o diretor do site Fortuna, Marcelo D´Agosto, atrair novamente o interesse dos investidores para os fundos de investimento é o grande desafio dos gestores nesse momento. "Com as mudanças na forma de precificação dos títulos que compõem as carteiras, a chamada marcação a mercado, criou-se uma crise de confiança entre os investidores. Os recursos estão migrando para outros segmentos, como os CDBs, mas entre os fundos são poucos os que voltaram a atrair recursos", afirma. Veja nos links abaixo como está o fluxo de recursos para os fundos cambiais, fundos de ações e multimercado. Marcação a mercado A adoção da regra de marcação a mercado provocou variação negativa no valor das cotas de muitas carteiras. O fato é que houve uma desvalorização dos títulos que estavam na composição dos fundos de renda fixa prefixada e fundos DI. Como, a partir daquele momento, a contabilização dos papéis deveria ser feita não mais pelo valor de face, mas pelo valor de mercado, houve perdas para muitas carteiras. Para entender o prejuízo para o investidor que ficou com recursos em um fundo de investimento que calculava suas cotas pelo valor de face dos títulos e passou a adotar o valor de mercado, a chamada marcação a mercado, veja o exemplo de uma carteira com apenas dois investidores. Cada um aplicou R$ 50 mil. Assim, se uma cota valia R$ 5 mil, cada investidor comprou dez cotas. O fundo, portanto, conta com um patrimônio inicial de R$ 100 mil e 20 cotas. Vamos supor também que seguindo a regra anterior, do valor de face, as quotas estivessem valendo R$ 5,5 mil, o que corresponde a um patrimônio de R$ 110 mil. Supomos também que de fato, considerando a regra de marcação a mercado, o valor da quota devesse ser de R$ 4,5 mil, e o patrimônio de R$ 90 mil. Como vemos neste exemplo, o valor indicado pelo fundo - patrimônio de R$ 110 mil - está R$ 20 mil acima do valor efetivo e correto, considerando o preço que se conseguiria nos títulos se fossem vendidos a valor de mercado. Neste quadro, imagine que o investidor A toma conhecimento que seu investimento de R$ 55 mil vale apenas R$ 45 mil - 50% do patrimônio do fundo -, mas que isso ainda não está indicado no valor da quota, por conta da regra contábil adotada pelo gestor. Então, este investidor mais informado resgata suas quotas ao valor dos R$ 55 mil e deixa as demais quotas para o investidor B. E o que acontece com o patrimônio de B? Assim que o gestor ficou obrigado a mostrar o valor efetivo da quota, pela marcação a mercado, seu patrimônio cai para R$ 35 mil. Temos aí a diferença dos R$ 20 mil em relação ao saque do investidor bem informado: R$ 10 mil referente à perda que era de fato do investidor A e outros R$ 10 mil que eram de fato do investidor B. O investidor B pagou a conta e o investidor A saiu no lucro. Veja a movimentação de recursos nos fundos DI Mês (em 2002) Mês (em 2002) Captação líquida (R$) Captação líquida acumulada no ano (R$) Rentabilidade Janeiro 1.176.799.740 1.176.799.740 1,45% Fevereiro -858.855.630 317.944.110 1,17% Março -101.321.011 216.623.099 1,28% Abril -1.200.542.372 -983.919.273 1,37% Maio -1.120.107.819 -2.104.027.092 0,37% Junho -8.570.468.948 -10.674.496.041 0,98% Julho -6.455.216.213 -17.129.712.253 1,15% Agosto -4.845.598.678 -21.975.310.931 1,24% Setembro -2.063.341.605 -24.038.652.536 1,37% Outubro -1.288.092.341 -25.326.744.877 1,58% Novembro* -247.950.880 -25.574.695.757 0,22% * Até o dia 5 de novembro Fonte: Site Fortuna Veja a movimentação de recursos nos fundos de renda fixa prefixada Mês (em 2002) Mês (em 2002) Captação líquida (R$) Captação líquida acumulada no ano (R$) Rentabilidade Janeiro 2.383.764.242 2.383.764.242 1,40% Fevereiro 1.118.482.387 3.502.246.629 1,16% Março -581.481.984 2.920.764.645 1,22% Abril -2.327.887.891 592.876.754 1,32% Maio -1.015.101.526 -422.224.773 -0,31% Junho -9.818.734.142 -10.240.958.915 0,90% Julho -8.207.916.343 -18.448.875.258 0,91% Agosto -7.966.945.159 -26.415.820.417 1,15% Setembro -1.690.028.703 -28.105.849.120 1,38% Outubro -899.882.962 -29.005.732.082 1,79% Novembro* -696.971.146 -29.005.732.082 0,25% * Até o dia 5 de novembro Fonte: Site Fortuna

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