Nos primeiros meses da pandemia, a Amazônia Agroflorestal, que distribui o Café Apuí nas versões orgânico e agroflorestal, registrou queda abrupta das vendas que tradicionalmente eram feitas para pontos de venda na região amazônica e em São Paulo.
Jonatas Machado, diretor comercial da empresa, conta que a decisão foi continuar comprando os grãos das 30 famílias produtoras para que não tivessem impacto na renda e acelerar a migração das vendas para o e-commerce, projeto antes previsto apenas para este ano.
Além da plataforma do Mercado Livre, onde já atuava e ganhou visibilidade, a Amazônia Agroflorestal criou seu próprio site de vendas online onde, além de vender o produto, pode contar sua história, como é produzido, por quem, mostrar fotos e manter uma newsletter.
A startup também fez parceria com um centro logístico na capital paulista para onde o produto é enviado e redistribuído para outros Estados do Sudeste, como o Rio de Janeiro.
O cultivo do Café Apuí, do tipo conilon, combina o plantio do grão com árvores típicas da região, como andiroba e açaí, que sombreiam o café e melhoram a produtividade. Além disso, ocupa áreas que estavam sendo destinadas à agropecuária predatória, que desmata e destrói o solo, e ainda restaura áreas degradadas.
Aumento de área para cultivo
“Esperávamos queda nas vendas em 2020, mas, ao contrário, crescemos 10% a 15%, resultado que esperamos repetir neste ano”, afirma Machado. Quando o mercado estava parado, lembra ele, um “alívio” veio da empresa Euro Caps que, pelo segundo ano seguido, importou 100 sacas de café orgânico.
O grupo holandês mistura o produto brasileiro com outras marcas em cápsulas, mas avalia fazer uma versão de café da Amazônia.
Hoje o Café Apuí é cultivado em área de 45 hectares, mas Machado informa que há um projeto para ampliar a área de plantio para 395 hectares ao longo dos próximos cinco anos. Com isso, o número de famílias envolvidas aumentaria para 160.
“São áreas vizinhas onde há plantação de café no modelo tradicional, sem o conceito de agroflorestal, que não utiliza nenhuma química, agrega o plantio de árvores nativas e recupera o solo”, diz Machado.
Antes de 2014 - quando teve início a produção do Café Apuí após projeto desenvolvido pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) -, a produção média na região era de seis a sete sacas de café por hectare. Com a introdução das técnicas de agricultura sustentável, a média aumentou para 15 sacas.