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Café do Centro vê dificuldade para repassar a alta de preço

Queda na produção em países da América Central está impulsionando os preços dos grãos de café de melhor qualidade

Por Tomas Okuda e da Agência Estado
Atualização:

A escalada das cotações do café, em particular dos grãos de melhor qualidade, tipo gourmet, tem permitido a recuperação da renda no campo, mas a indústria enfrenta dificuldade para repassar o aumento. "O momento é difícil e deve se estender por mais tempo, pois a elevação do preço do café é constante e persistente", informa o diretor Rodrigo Branco Peres, do Café do Centro, uma das principais torrefadoras de grãos gourmet do País.

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"O cliente até entende a situação do mercado", observa. Branco Peres explica que a Colômbia, importante país produtor, há três safras não consegue atingir seu potencial produtivo por causa da renovação dos cafezais e de problemas climáticos. A América Central também tem apresentado queda na produção em alguns países. No Brasil, o cafeicultor mal remunerado nos últimos anos deixa de investir na lavoura.

No cerrado mineiro, onde se produz um dos melhores grãos do País, a cotação do café subiu cerca de 90% nos últimos 12 meses, de R$ 275 a saca de 60 kg para atuais R$ 520 a saca, conforme dados levantados pelo AE Taxas. Segundo Branco Peres, mesmo com algum repasse, da ordem de 20%, o equilíbrio entre receita e despesa tem sido complicado. "Os grãos finos têm subido mais do que os outros tipos de café, mas jamais abriremos mão da qualidade", ressalta, acrescentando que a matéria-prima corresponde a cerca de 70% a 65% do custo total de produção na indústria. "O problema não é pouca quantidade, mas sim a falta de determinadas qualidades de café", comenta.

As grandes torrefadoras também negociam reajuste com o varejo. Além disso, procuram alterar os blends, utilizando grãos mais baratos. Inevitavelmente a cotação dos cafés mais fracos está reagindo no mercado. Branco Peres salienta que não é possível estimar o nível de preço que o café pode alcançar. "A cotação pode até cair, mas certamente ficará em um novo nível, mais alto", diz.

O segmento gourmet do Café do Centro representou no ano passado cerca de 50% de seu faturamento, estimado em R$ 30 milhões. A torrefadora encerrou 2010 com 3.600 clientes, dos quais 200 novos. Para 2011 a expectativa é crescer 30% em relação ao ano passado.

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