PUBLICIDADE

Cai embargo russo à carne brasileira

Oito Estados, entre eles Goiás e Paraná, poderão voltar a exportar carnes bovina e suína a partir de dezembro

Por Fabiola Salvador
Atualização:

Depois de quase dois anos de embargo, oito Estados brasileiros poderão vender novamente carnes bovina e suína para a Rússia a partir do dia 1º de dezembro. A liberação foi anunciada ontem, em Brasília, pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que recebeu um documento do diretor do Serviço Veterinário da Rússia, Serguei Dankvert, no qual Moscou anuncia o fim da suspensão. O embargo, que vigorava desde dezembro de 2005, foi uma resposta da Rússia ao registro de casos de febre aftosa em rebanhos criados nos Estados do Mato Grosso do Sul e do Paraná. A Rússia, que é o maior comprador individual de carnes do Brasil, absorve 15% das exportações de carne bovina e 70% dos embarques de carne suína. Além do Mato Grosso do Sul e do Paraná, Amazonas, Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás, São Paulo e o sul do Pará foram beneficiados pela liberação. No caso de São Paulo e de Goiás, a liberação atingiu a carne suína, já que as vendas de carne bovina desses Estados para a Rússia já tinham sido autorizadas anteriormente. Segundo Stephanes, o fim do embargo mostrará a outros importadores de carnes que ainda não compram do Brasil que o País resolveu seus problemas sanitários, principalmente em relação à febre aftosa. "O fim do embargo favorece nossa condição no mercado externo", disse. O ministro citou o mercado americano de carne bovina in natura como um dos que despertam o interesse do Brasil. Também há interesse em vender carne suína ao Japão. O ministro afirmou que os problemas sanitários que o País tinha com a Rússia foram "praticamente" superados, o que permitiu o fim do embargo. Em setembro, uma missão da Rússia esteve no Brasil para avaliar as medidas sanitárias adotadas pelo País. Nos últimos seis meses, três missões de técnicos do ministério estiveram em Moscou. Na semana que vem, o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, irá à Rússia para fechar um acordo sanitário. Para Stephanes, o Brasil precisa "respeitar as exigências dos mercados". Ele lembrou que havia muita discussão no governo e na iniciativa privada sobre as exigências que a Rússia fazia para aceitar importar o produto brasileiro. "Precisamos cumprir o que a Rússia exige", disse. Nos últimos dias, ele mesmo anunciou uma série de medidas para aumentar o controle sanitário da carne brasileira. Stephanes não quis comentar, no entanto, se houve má gestão dos ministros que o antecederam. Ele acrescentou que não falta verba para as ações de defesa sanitária, desde que os projetos apresentados sejam viáveis. O ministro garantiu, ainda, que o previsível aumento das exportações de carne, com a reabertura do mercado da Rússia, não representa risco de desabastecimento interno. "Não faltará produto. Temos condições de abastecer os mercados interno e externo", garantiu. As exportações de carne devem render US$ 12 bilhões ao Brasil em 2008. As vendas cresceram, na média, 20% ao ano nos últimos seis anos, calculou o ministro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.