Depois de mais de um ano de discussões, a Caixa Econômica Federal começa a vender hoje cotas de consórcios para a compra de imóveis. Voltado especialmente para a classe média, o consórcio imobiliário é uma alternativa a mais num momento em que os juros nos empréstimos tradicionais estão elevados. A carta de crédito, com valores entre R$ 15 mil e R$ 150 mil, poderá ser usada para a compra de imóveis novos ou usados, comerciais ou residenciais, aquisição de terrenos, lotes rurais e ainda para quitar saldo devedor de um financiamento habitacional antigo. O prazo máximo para pagamento será de 120 meses e o mínimo de 60 meses. Quanto maior a duração do grupo de consórcio, maior a taxa de administração paga. Segundo o presidente da Caixa Consórcio, José Coelho, essa taxa irá variar de 14% a 18%, sendo que 1% será quitado logo nas quatro primeiras prestações, e o restante distribuído ao longo do contrato. De acordo com uma simulação feita pela CEF, se uma pessoa quiser entrar num grupo que garanta uma carta de crédito no valor de R$ 15 mil, ela pagará quatro prestações iniciais de R$ 342,88 e, nos outros 54 meses, de R$ 304,38. A cada ano, esse valor será corrigido com base na variação do INPC. Para uma carta de R$ 50 mil, o consorciado poderá escolher um grupo de 60, 90 ou 120 meses. Se optar pelo prazo mais longo, a simulação mostra que as primeiras prestações ficarão em R$ 665,94 e as 116 restantes em R$ 540,94, corrigidas pelo INPC. Se a pessoa quiser R$ 150 mil, o prazo para pagamento será obrigatoriamente de 120 meses, e o valor inicial de R$ 1.9997,82 cairá para R$ 1.622,82 nas demais parcelas, que serão reajustadas anualmente. Parceria O lançamento do consórcio imobiliário é uma idéia antiga da Caixa. Há mais de um ano a instituição tenta ingressar nesse mercado. Isso só foi possível agora por causa de uma parceria com a Caixa Seguros, atualmente controlada pelo grupo francês CNP Assurence. A Caixa Econômica detém 48% da Caixa Seguros. "Adotamos o mesmo modelo que fizemos para o segmento de capitalização. Teremos o suporte operacional da Caixa Seguros e a Caixa Econômica se encarregará da venda e distribuição", explicou o presidente da CEF, Valdery Albuquerque. Inicialmente, a instituição pretendia criar uma carteira específica para o consórcio dentro da sua própria contabilidade, mas a idéia foi vetada pelo Banco Central (BC). A criação de uma subsidiária da Caixa exigiria a aprovação do Congresso. Por isso, o caminho mais fácil foi a parceria com a Caixa Seguros, que instituiu uma subsidiária chamada Caixa Consórcio. Para isso, foi preciso o aval da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e do BC. "Nosso objetivo é sermos competitivos no mercado, e a Caixa Seguros trará sua experiência na administração de consórcios para dar mais qualidade aos serviços", afirmou Albuquerque. A Caixa Econômica fará a venda das cotas nas suas 2 mil agências. Para facilitar a situação de consorciados que precisarem se desfazer da cota ao longo do contrato, a Caixa administrará informalmente um mercado secundário de consórcio. Assim, uma pessoa que for a uma agência da Caixa adquirir uma cota, poderá entrar num grupo novo ou comprar de algum desistente, a cota de um grupo em andamento. "Vamos ajudar o consorciado que quiser vender a sua cota mas isso não é responsabilidade da Caixa. Apenas vamos facilitar a vida dessas pessoas mantendo um cadastro dos interessados em desistir do grupo", afirma Wilson Risolia, vice-presidente de negócios bancários da Caixa. A partir da adesão do consorciado, a Caixa terá 90 dias para completar o grupo. Se não conseguir, o valor pago será devolvido ao cliente devidamente corrigido. Segundo Ricardo Cardoso, diretor de operação da Caixa Consórcio, serão realizados três sorteios por mês em cada grupo.