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Caixa só beneficiará imóveis na planta

Mudanças de concessão de crédito para o setor imobiliário da Caixa poderão causar retração no mercado. Sindicatos do setor de imóveis criticam a posição da instituição e dizem que as medidas só beneficiam as construtoras que têm imóveis na planta.

Por Agencia Estado
Atualização:

As mudanças de concessão de crédito para o setor imobiliário da Caixa Econômica Federal (CEF), anunciadas esta semana, poderão causar retração no mercado. Até o próprio gerente de mercado da CEF, Nédio Henrique Roselli Filho, reconhece. "Afinal, a Caixa é responsável por 80% dos financiamentos imobiliários", diz. De acordo com Roberto Capuano, membro da diretoria do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), as medidas só beneficiam um setor, o das construtoras que têm imóveis na planta. "É um absurdo a população ter de agora pagar financiamentos ou depósitos em poupança, juntamente com o aluguel, para poder adquirir o imóvel próprio", diz. A aquisição de um imóvel usado para famílias que têm renda superior a 12 salários mínimos poderá ser feita apenas pelo processo de Poupança Crédito Imobiliário, o "poupanção". Sinduscon reclama por aumento de juros no Construgiro Já o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon), Artur Quaresma Filho, está indignado com o aumento da taxa de juros de 1% a 1,5% ao mês no programa Construgiro e no financiamento do convênio Caixa do Trabalhador, de 10,5% ao ano para 12%. "Eu não entendo o que o governo está querendo fazer com o setor", diz. "Ainda não podemos avaliar os impactos na produtividade, mas eles ocorrerão." O diretor de desenvolvimento urbano da CEF, Aser Cortines Peixoto Filho, disse que o aumento foi muito bem pensado e elaborado e tem por objetivo cobrir os custos do imóveis financiados na planta. "A nossa decisão visa à melhora na qualidade dos serviços prestados no setor da habitação, principalmente nos imóveis na planta". Ele acredita que, com esses recursos a mais, o mercado crescerá e gerará mais empregos e captará mais recursos. O empresário Celso Petrucci, diretor de programas habitacionais do Sindicato da Habitação (Secovi), não se diz a favor das medidas, mas acha positivo o fato de se beneficiar imóveis na planta. "Já que foi necessário impor restrições, melhor que tenha sido aos usados, pois os imóveis na planta geram empregos", comenta Petrucci. Provavelmente, ainda este mês, os imóveis na planta terão mais uma ferramenta para garantir sua comercialização. Está em trâmite no Congresso o projeto de Lei Patrimônio de Afetação, que se aprovado, dará garantias aos compradores, protegendo-os de perdas com empresas falimentares, como a Encol.

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