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Cálculo da inflação levanta suspeitas sobre Kirchner

Depois do anúncio da taxa de janeiro, inflação argentina ainda gera polêmica e Central Geral dos Trabalhadores propõe seu próprio levantamento

Por Agencia Estado
Atualização:

O dia seguinte ao anúncio do taxa oficial de inflação na Argentina em janeiro promete ser tão polêmico quanto nesta segunda-feira, quando o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) anunciou a variação de 1,1%. A controvertida cifra foi apenas 0,1 ponto porcentual acima da registrada em dezembro e a menor registrada nesse mês, desde 2003. Também ficou muito abaixo das estimativas dos analistas e dos números parciais que vazaram do próprio Indec. A inflação argentina, segundo dados do Indec, foi puxada pelos alimentos e bebidas (+1,9%) e entretenimento (+1,8%) e, curiosamente, houve queda no vestuário (-2,5%) em plena mudança de estação. Intrigante também foi o aumento somente de 2% dos planos de saúde e de apenas 3,7% em turismo, quando em janeiro do ano passado, tinha aumentado mais de 16%. As cifras apresentadas aumentam as suspeitas de que o governo estaria manipulando os índices para beneficiar o presidente Néstor Kirchner no ano eleitoral. Estas suspeitas começaram na semana passada, quando a ministra de Economia, Felisa Miceli, substituiu a diretora responsável pela elaboração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Graciela Bevacqua, por uma funcionária de sua confiança, Beatriz Paglieri. Os técnicos do Indec reagiram mal à mudança de nomes e acusaram o governo de intervenção para manipular os números. O governo, por sua vez, contra-atacou chamando os manifestantes de "mafiosos", como disse o ministro do Interior, Aníbal Fernández. A ministra Miceli esperava um índice de até 1,2% , enquanto que os economistas falavam de algo entre 1,5% a 2%. No Indec, os manifestantes chegaram a dizer que chegaria a 2,2%. O fato é que a divulgação do índice só ocorreu depois do fechamento dos mercados, com três horas de atraso. Crítica A consultoria privada Tomadatos, especializada em levantamento de preços para empresas, afirma que os preços estão subindo claramente. "Somente o tomate e o limão subiram mais de 25% em janeiro. Os táxis aumentaram 1,7% e um pacote de cigarros, 2,3%. Sem contar que em agosto, os táxis já tinham aumentado 9%", informa uma fonte da consultoria. Proposta de novo índice Diante desta polêmica, a Central Geral dos Trabalhadores (CGT) poderá fazer seu próprio levantamento sobre o custo de vida na Argentina. Em meio a uma campanha salarial na qual reivindicam aumento de 30%, dirigentes de oposição da central liderada pelo caminhoneiro Hugo Moyano temem que os índices oficiais não sejam correspondentes ao andamento real dos preços. A idéia já tinha sido lançada no ano passado, quando o governo começou a intervir em alguns mercados para controlar a inflação. No entanto, o bom relacionamento de Moyano com o presidente Néstor Kirchner fez com que o índice de inflação paralelo não caminhasse. Agora, os opositores do caminhoneiro dentro da CGT querem elaborar um índice de inflação próprio. O líder dessa corrente é Luis Barrionuevo, inimigo declarado de Moyano, e ele argumenta que "é mais importante atender o que dizem as prateleiras dos supermercados do que os índices". Na ausência de entidades que trabalham com índices de inflação no país, o indicador poderia ser elaborado pela CGT entraria com mais uma alternativa para monitorar os preços reais da Argentina. Além do Indec, o organismo oficial, não há outro grande organismo no país que compila os dados da inflação. O que existe são as consultorias e algumas Universidades que elaboram projeções.

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