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Calote é pouco provável, avalia governo brasileiro

Por Lu Aiko Otta e BRASÍLIA
Atualização:

"Ninguém no mundo está preparado para um default (calote) da dívida americana", admitiu ontem o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendei. "É uma hipótese tão inaudita que não tem como saber quais seriam as consequências." Cozendei fez essas afirmações ao comentar a hipótese, considerada improvável pela equipe econômica, de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não conseguir a autorização do Congresso para elevar seu endividamento. Isso seria como tirar o chão sob os pés do mercado financeiro internacional, que usa os títulos americanos como referência para calcular os preços dos papéis de todos os demais países.O tema preocupa o governo brasileiro, assim como a persistente dificuldade da Europa em dar uma solução definitiva para a crise na Grécia. A piora no cenário mundial foi tema de uma reunião com a presidente Dilma Rousseff esta semana. A ela, foi transmitida a avaliação que o problema da dívida americana será solucionado, pois os custos de um calote para os EUA e para a economia mundial seriam elevados demais. Por isso, aposta-se que será superada a disputa política em que se transformou a discussão do teto do endividamento.Solução. Essa impressão foi reiterada ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele acredita que o Legislativo dos EUA autorizará Obama a ampliar a dívida. "Se não, eles vão engessar o governo e isso vai pegar mal também para o Congresso. Então eu acredito numa solução." O ministro disse ter "certeza" que as agências de avaliação de risco não rebaixarão a classificação dos papéis americanos, como vem sendo especulado.Mantega se mostrou um pouco mais preocupado com a crise na Europa. "Lá o buraco é um pouco mais embaixo", comentou, sem entrar em detalhes.Segundo Cozendei, que esteve na segunda-feira na reunião do Conselho de Estabilidade Financeira, em Paris, na França, os próprios europeus reconhecem que a demora em achar uma solução da crise para a Grécia pode se transformar numa dificuldade para o bloco decidir "sobre qualquer coisa." / COLABOROU ADRIANA FERNANDES

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