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Câmara aprova pacote de Obama de US$ 819 bi

Plano é a principal iniciativa do presidente dos EUA para tirar a economia da maior crise desde a Grande Depressão

Por Patrícia Campos Mello
Atualização:

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou ontem um pacote de estímulo à economia de US$ 819 bilhões. O pacote é a principal iniciativa do presidente Barack Obama para tirar a economia americana de sua maior crise desde a Grande Depressão. O custo estimado do pacote foi reduzido para US$ 816 bilhões, da quantia original de US$ 825 bilhões. Outros US$ 3 bilhões foram acrescentados no plenário por democratas para financiar melhoras e obras no transporte público. O plano inclui US$ 275 bilhões em cortes de impostos e US$ 544 bilhões em gastos do governo em estradas e pontes, energia alternativa, tecnologia de saúde, assistência a desempregados e ajuda a Estados e municípios. O projeto de lei foi aprovado com 244 votos a favor e 188 contra. Todos os 177 legisladores republicanos presentes votaram contra a lei, frustrando a esperança do presidente Obama de obter amplo apoio para sua iniciativa de ressuscitar a economia americana. Na semana que vem, uma versão um pouco diferente do pacote, que inclui mais US$ 68 bilhões em cortes de impostos, defendidos por republicanos, deverá ser votada no Senado. Depois disso, Câmara e Senado vão debater para chegar a uma versão final da lei. O presidente Obama espera que a versão conciliada do pacote seja ratificada antes do dia 15 de fevereiro. "Este plano de recuperação vai salvar ou criar mais de 3 milhões de empregos nos próximos anos", comemorou Obama. Antes da votação, ele tinha advertido os congressistas: "Vivemos um momento perigoso para a economia. Não podemos perder nenhum minuto". Já era esperado que o pacote fosse aprovado - os democratas têm ampla maioria na Câmara: 255 deputados, ante 178 republicanos (há duas cadeiras vagas). Mas o presidente esperava apoio bipartidário ao pacote, coisa que não conseguiu, apesar de ter se desdobrado para se aproximar de republicanos e pedir o apoio deles. Obama queria ter amplo apoio político para implementar o pacote de resgate da economia. Os republicanos se opuseram ao alto custo do pacote e à ênfase em programas de gastos do governo, em vez de cortes de impostos. "Os democratas pegaram uma lista empoeirada de gastos que eles sempre quiseram fazer, juntaram tudo em um projeto de lei e salpicaram alguns cortes de impostos simbólicos - isso aí não vai criar empregos", disse o deputado republicano Mike Pence. Os republicanos chegaram a propor uma alternativa ao pacote, um projeto de US$ 475 bilhões que se concentrava em cortes de impostos, mas a proposta foi derrubada pelos democratas, sob a justificativa de que os cortes de impostos de Bush não tiveram muitos efeitos para reavivar a economia. Mesmo comemorando a aprovação do pacote, especialistas têm algumas críticas ao plano. "Os republicanos resolveram que simplesmente iam se opor a tudo, caso suas propostas de corte de impostos não fossem incluídas; mas muitas delas não faziam sentido, como a redução de impostos sobre investimento, em um momento em que ninguém está investindo", disse ao Estado Barry Bosworth, economista sênior da Brookings Institution. Já os democratas incluíram várias medidas que não têm efeito imediato. "Eles querem reestruturar o governo a longo prazo, incluindo muitos programas de governo, obras para estimular energia renovável. Isso não é gasto de emergência, não vai estimular a economia agora", disse Bosworth. Segundo o mais recente cálculo do Congressional Budget Office (Comissão de Orçamento do Congresso), só 65% dos mais de US$ 800 bilhões do pacote serão gastos até o fim de 2010 - a meta de Obama era gastar pelo menos 75%. Ontem, o presidente tentou rebater as críticas, dizendo que espera ver o dinheiro "liberado imediatamente", tão logo o pacote seja aprovado pelo Congresso.

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