O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse acreditar que os deputados não irão aprovar a participação de parentes de políticos na nova rodada da repatriação de recursos.
A possibilidade foi aprovada no Senado após uma manobra patrocinada pelo relator do texto, Romero Jucá (PMDB-RR), e que passou despercebida pelos integrantes da oposição.
Autor da emenda que proibiu a medida no primeiro projeto, o deputado Bruno Covas (PSDB-SP) disse desconfiar que o projeto foi iniciado no Senado com esse objetivo. "Como a Câmara deve barrar, o Senado, com a palavra final, poderá reintroduzir o texto", afirmou.
Pelas regras do Congresso, se uma Casa modificar o projeto que teve origem em outra, o texto terá que ser novamente apreciado e poderá ser modificado antes de ir à sanção presidencial.
Outros líderes da Câmara ouvidos pelo Estadão também afirmaram acreditar que a proposta enfrentará resistência na Casa. "O novo projeto de repatriação é necessário, mas não acredito que a inclusão de parentes de políticos como beneficiários será aceito pela Câmara", disse o líder do PSD, Rogério Rosso (DF).
O líder do DEM, Pauderney Avelino (PB), também tem a mesma avaliação. "Essa era uma demanda do Senado", disse.
Para o líder do PT, deputado Afonso Florence (BA), a tentativa de incluir essa questão na lei "cheira mal", especialmente após a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem familiares investigados por possuir contas no exterior. "Claro que é inoportuno, depois de Eduardo Cunha, todo mundo suspeita de que estão fazendo um acordo para que ele não faça delação premiada", afirmou.