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Camargo Corrêa faz oferta pelo controle da portuguesa Cimpor

O valor do negócio deve atingir cerca de € 1,5 bilhão, ou R$ 3,6 bilhões pelo câmbio de hoje, disseram ao 'Estado' fontes ligadas à operação

Por David Friedlander
Atualização:

A Camargo Corrêa fez uma oferta pública de aquisição do controle acionário da portuguesa Cimpor - décima maior fabricante de cimento do mundo. O valor do negócio deve atingir cerca de € 1,5 bilhão, ou R$ 3,6 bilhões pelo câmbio de hoje, disseram ao 'Estado' fontes ligadas à operação.

 

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O grupo brasileiro já é o maior acionista individual da Cimpor, com uma participação de 33%, e ofereceu € 5,50 por ação para ter os outros 67%. O outro grande acionista brasileiro na cimenteira portuguesa, o grupo Votorantim, porém, deve continuar na empresa com sua fatia de 21%.

 

É que os sócios brasileiros acertaram que, numa segunda etapa, farão uma cisão. Nesse momento, a Votorantim deverá deixar a Cimpor, levando ativos da cimenteira portuguesa fora do Brasil - a empresa opera em 13 países e é forte em economias emergentes como Egito, China, África do Sul e Índia.

 

A Camargo Corrêa, por sua vez, ficaria com as fábricas da Cimpor no Brasil, onde a empresa portuguesa é a quarta do ranking, e também com algumas plantas no exterior.

 

Executivos da Camargo passaram a semana em Lisboa formulando os termos da oferta pública de ações e negociando com os sócios portugueses da Cimpor. A Caixa Geral de Depósitos, já anunciou que pretende vender a participação de 9,58% que possui na cimenteira.

 

Os outros grandes acionistas locais são o empresário Manuel Fino, com 10,7%, e o fundo de pensão dos funcionários do Banco Comercial Português, com 10%.

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Disputa

 

Rivais no mercado de cimento, a Camargo Corrêa e a Votorantim tornaram-se sócias da Cimpor em 2010, depois de uma aguerrida disputa com a siderúrgica CSN, do empresário Benjamin Steinbruch. 

 

O dono da CSN fez uma oferta hostil pelo controle da cimenteira portuguesa. Mas Camargo e Votorantim atropelaram Steinbruch e compraram, juntas, 54% da empresa portuguesa.

 

O segundo passo dessa operação, a divisão dos ativos da Cimpor entre os brasileiros, já era esperado e começa com o anúncio dessa oferta pública. Pelo seu tamanho, a Votorantim, maior fabricante de cimento do País, não poderia anexar as operações da Cimpor no Brasil, sob o risco de aumentar a concentração no setor.

 

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Mas essa opção é aceitável para a Camargo, hoje a terceira maior do ramo no país. Por outro lado, as fábricas que a Cimpor tem espalhadas pelo mundo são tudo que a Votorantim precisa para acelerar sua internacionalização. A Cimpor opera em 13 países de quatro continentes (Europa, Ásia, América do Sul e África). 

 

A costura do acordo entre Camargo e Votorantim foi feita com a máxima cautela, para evitar problemas com a legislação de defesa da concorrência. No fim do ano passado, quando surgiram as primeira informações sobre a negociação, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) impôs algumas restrições, como proibir Camargo e Votorantim de indicar ou nomear administradores para a Cimpor e de ter acesso a informações estratégicas da cimenteira portuguesa.

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