O plano de viajar para a Itália foi adiado pela família de Sergio Orciuolo depois que o câmbio disparou e o cenário econômico e político ficou incerto. No início do ano, ele, a mulher, a filha, o genro e uma sobrinha pretendiam fazer uma viagem de um mês para a Província de Salerno, para conhecer a terra dos antepassados.
“A disparada do dólar foi a grande barreira. Mudei de planos pela situação econômica mesmo”, diz Orciuolo, de 80 anos, aposentado e consultor de empresas. No passado, ele foi executivo de grandes companhias.
Diante de tantas informações turbulentas na economia e na política, ele diz que se sente mais confortável hoje gastando e consumindo menos. Além de cortar a viagem internacional, reduziu a frequência das viagens ao Rio, para visitar o filho e o neto. Antes ia a cada 15 dias. Agora, é a cada dois ou três meses. “As coisas mudaram muito.”
Orciuolo também adiou a troca do carro. Faz cinco anos que ele roda com um Azera automático, da Hyundai. Pretendia comprar um Corolla, da Toyota, também automático. “O sonho seria um Fusion, mas custa mais de R$ 100 mil.” Esse gasto seria incompatível com sua renda atual e as incertezas da economia.
Consumo das famílias perde fôlego e economistas cortam projeções para 2018
No passado, quando o País crescia, ele lembra que era possível trocar de carro a cada dois anos. Os prazos de pagamento eram bem mais longos do que os atuais, o que facilitava a compra.
No dia a dia, ele mudou hábitos de consumo, como jantar fora nos fins de semana com a família. Agora, as reuniões acontecem em casa e o consumo de vinhos importados diminuiu. “O dólar é um impeditivo. Mas procuro os amigos que viajam e sempre trazem algum vinho.”