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Câmbio ajuda e exportador reduz preço em dólar

Valorização acumulada no ano de quase 12% do dólar em relação ao real aumenta a competitividade da indústria brasileira

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

A valorização do dólar em relação ao real, que acumula alta de 11,5% neste ano, injetou ânimo nas indústrias que exportam manufaturados. Já há fabricantes que começaram a dar desconto em dólar. Com isso, as empresas conseguem ter preço em dólar mais competitivo em relação aos concorrentes e manter a receita em reais.

Na onda do câmbio mais favorável, existem companhias que ampliaram as metas de vendas externas para 2014 e também a linha de itens voltados à exportação. A Marcopolo, por exemplo, fabricante de carrocerias de ônibus, começou a negociar descontos em dólar com compradores de países nos quais a economia é dolarizada e que não foram afetados pela mudança de patamar do câmbio.

"Os descontos em dólar são de 10% e estão sendo negociados com países do Oriente Médio e da África", conta o gerente de Operações Comerciais para o Mercado Externo da Marcopolo, Ricardo Portolan.

De acordo com o executivo, o impacto nas exportações deve aparecer só no ano que vem. Isso porque, entre o fechamento do pedido e a entrega da mercadoria, há um intervalo de seis a oito meses. Ele observa que a estratégia de cortar preço em dólar não funciona em países da América do Sul, cujas moedas locais também perderam valor ante o dólar.

"África e Oriente Médio correspondem a 20% das nossas exportações. Com a redução de preços, a fatia dessas regiões pode subir para algo entre 23% a 25%", prevê Portolan. Ele conta que ainda não fechou negócios com preços reduzidos, mas já sentiu maior receptividade dos compradores. Para este ano, as exportações da empresa devem somar US$ 250 milhões, 5% mais do que em 2012.

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A estratégia de dar desconto em dólar se repete com a Democrata Calçados, fabricante de Franca (SP). Anderson Melo, gerente de exportação, conta que a desvalorização do real abriu a possibilidade de melhorar as negociações com países do Oriente Médio e de retomar mercados como o da Inglaterra. Ele explica que em países da América Latina, que também foram afetados pela desvalorização das moedas locais, a prática de descontos não é possível.

Melo pondera que as negociações mais agressivas não são uma prática generalizada. Ele explica que os efeitos do real desvalorizado nas vendas externas dependem da estabilização do câmbio num novo nível. "Com oscilação eu não sei com qual margem posso operar."

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A Democrata exporta hoje para 57 países e o principal mercado são os Estados Unidos. A empresa já chegou a vender para 68 países em 2006. No ano passado, do 1,35 milhão de pares de sapatos fabricados, 20% foram exportados. Para este ano, a produção estimada é de 1,6 milhão e a exportação deve responder por 25%.

Revisão.

A Eliane, maior exportadora de cerâmicas do País, está reavaliando o planejamento estratégico de exportações para o ano que vem. "O novo patamar do câmbio impacta positivamente a rentabilidade das exportações", afirma o gerente de exportação, Marcio Muller.

Em 2012, a companhia exportou US$ 30 milhões para 50 países ou 10% da receita total. Para 2014, a meta é que a fatia das exportações responda por 20% do faturamento em dólar. Muller explica que, para atingir esse objetivo, a empresa vai ampliar a linha de produtos de exportação, que tem algumas diferenças de design em relação à preferência do brasileiro.

"Houve um desmantelamento das estruturas de exportação das empresas, que agora começam a ser retomadas", afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica, Antônio Carlos Kieling. Na semana passada, por exemplo, 25 fabricantes brasileiros se reuniram no Panamá com compradores de 22 países. "Provavelmente, se o dólar não estivesse estimulado como está, teríamos um número bem menor de empresas participando dessa rodada de negociações."

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