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Câmbio atual reduz preço de exportados, diz Pratini

Por Agencia Estado
Atualização:

O dólar, no nível atual, já está prejudicando as exportações, em vez de ajudar as vendas externas do País. A avaliação é do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinícius Pratini de Moraes. Segundo ele, além de criar um "efeito destrutivo" na inflação, o câmbio atual está levando à redução dos preços cotados pelo Brasil, sobretudo no agronegócio, já que os importadores no exterior estão pedindo descontos nos pedidos em dólar. "O grande efeito do ?overshooting? na taxa de câmbio é a redução dos preços das exportações e a inflação interna", disse Pratini de Moraes, que participou hoje do primeiro dia do XXII Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio. Na prática, informados sobre a elevada rentabilidade em reais das vendas externas de produtores nacionais, os compradores no exterior vêm barganhando e pedindo abatimento nos valores da mercadorias em dólar. A redução dos preços ocorre por conta dos subsídios americanos, em produtos como algodão e soja, e devido "à renegociação de preços em dólar pelo aumento da taxa de câmbio", nos demais casos. "O câmbio neste nível atual estimula os importadores a pedirem desconto", confirmou o diretor-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Um executivo de uma grande companhia do setor de carnes disse que o câmbio também está estimulando a entrada no comércio exterior de produtores nacionais sem tradição, com preços mais baixos, o que estaria desorganizando os preços do setor e poderia vir a gerar reação em alguns mercados de destino da mercadoria brasileira. Do ponto de vista interno, Pratini avalia que o câmbio atual provoca impactos indesejados nos custos de produtores nacionais, sobretudo nos produtos básicos, citando o efeito do dólar sobre o trigo, que afeta os preços do pãozinho, e de alimentos consumidos na criação de frangos e suínos, por exemplo. "O aumento do câmbio gera um efeito destrutivo sobre a inflação", afirmou. Oportunismo Pratini também avaliou que a cotação atual vem estimulando produtores nacionais a deslocar o abastecimento do mercado interno para escoar a produção ao exterior. O ministro citou os casos do algodão, que estaria sendo em parte escoado para o exterior, em detrimento do suprimento interno, além do milho e do tabaco. Além disso, ele analisou que o câmbio elevado está "segurando as importações", mas "não ajudou muito as exportações". Segundo Pratini, para exportar é preciso produzir e o aumento do câmbio não foi acompanhado na mesma velocidade pelo avanço na fabricação de produtos, citando o caso de produtos com o frango, o aço e a soja. "Você consegue resposta rápida em alguns produtos apenas", disse ele, ressaltando que a economia brasileira é "muito mais sólida do que qualquer especulação".

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