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Câmbio e crise externa causaram déficit, diz economista

Por MARIA REGINA SILVA
Atualização:

O déficit em conta corrente de US$ 2,2 bilhões do País em setembro foi provocado principalmente por dois fatores: o câmbio mais fraco, em meados do mês passado, e o cenário externo adverso, na opinião do economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano. "É óbvio que o aumento do câmbio, dado uma remessa em reais já considerada, produziria uma remessa de lucros e dividendos um pouco menor, da ordem de 10% do que foi a depreciação do câmbio médio no período", explicou, em entrevista à Agência Estado.Das 18 instituições do mercado financeiro consultadas pelo AE Projeções, o Besi Brasil foi a única a cravar o resultado efetivo das transações correntes do balanço de pagamentos brasileiro em setembro, divulgado hoje pelo Banco Central (BC). As previsões iam de déficit entre US$ 1,900 bilhão a US$ 3,800 bilhões, com mediana negativa de US$ 2,950 bilhões.Serrano ressaltou que "jamais o câmbio produziria impactos significativos no déficit em conta corrente num espaço de meio mês", referindo-se ao aumento mais expressivo do dólar na penúltima semana de setembro, quando a moeda se aproximou de R$ 2,00. "O efeito é mais estrutural, pensando numa moeda mais depreciada", completou. Nesse sentido, ele observou que o cenário externo adverso, que propiciou mais volatilidade nos mercados em meados de setembro, também influenciou o resultado. "Os agentes acabaram ficando mais cautelosos e evitaram fazer muitas movimentações", afirmou.O economista acredita que mesmo com o dólar a R$ 1,75, as remessas de lucros e dividendos realizadas por empresas do exterior instaladas no Brasil - que somaram US$ 1,961 bilhão em setembro - vão continuar fortes, podendo ocorrer apenas uma correção marginal também na conta corrente. "Não tem porque não continuar. O Brasil ainda está crescendo e a lucratividades das multinacionais vai permanecer elevada. Por isso, as companhias vão continuar enviando recursos para fora do País, até porque há empresas cujas sedes ficam em economias que têm problemas mais sérios de atividade", comentou.

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