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Câmbio faz a dívida interna subir R$ 1 bi

Débito federal subiu de R$ 1,345 tri para R$ 1,374 tri em novembro

Por Renata Veríssimo e Fabio Graner
Atualização:

A desvalorização de mais de 7% do real em relação ao dólar teve impacto fortemente negativo na dívida pública federal, que atingiu R$ 1,374 trilhão em novembro, ante R$ 1,345 trilhão em outubro. Segundo o Tesouro Nacional, a queda do real provocou o aumento de cerca de R$ 1 bilhão na dívida interna em títulos, que somou R$ 1,244 trilhão em novembro, e de R$ 11,2 bilhões na dívida externa, que fechou o mês passado em R$ 130 bilhões. Apesar do estrago na dívida federal, o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Guilherme Pedras, lembra que a alta do dólar também beneficia o País, já que valoriza as reservas internacionais, hoje superiores a US$ 200 bilhões. Por causa das reservas, o Brasil é credor externo, portanto, ganha com a alta do dólar. Com a disparada do câmbio, o único indicador da dívida pública que está fora da meta definida pelo Tesouro Nacional é a participação da parcela vinculada ao dólar no estoque da dívida, que ficou em 9,66% do total. O teto definido pelo Tesouro é de 9%. Diante da volatilidade da cotação cambial, Pedras evitou arriscar um prognóstico se esse indicador fechará o ano dentro da banda definida pelo Tesouro. Além do dólar, a dívida pública federal cresceu por causa do pagamento de juros, que somou R$ 13,542 bilhões, e pela emissão líquida de títulos (colocações maiores que vencimentos) de R$ 3,2 bilhões. A combinação fez o custo médio da dívida em 12 meses subir de 14,82% em outubro para 15,72% ao ano em novembro. Só o custo da dívida externa passou de 32,38% para 41,74% anuais. Segundo Pedras, as condições de mercado para a rolagem da dívida interna em novembro melhoraram em relação a outubro, mês marcado pela alta volatilidade. "Em novembro, houve melhora nas condições de financiamento, o que facilita nosso programa de emissões." De acordo com o funcionário do Tesouro Nacional, nesse mês as taxas de juros voltaram ao nível de setembro, embora continuem mais elevadas que em 2007. Pedras destacou que o governo voltou a colocar papéis prefixados de mais longo prazo, como as NTN-Fs, que tiveram emissões suspensas em novembro por causa da dificuldade de se definir um preço adequado. No mês passado, os indicadores de perfil da dívida interna tiveram alterações relativamente pequenas. Os movimentos mais relevantes ocorreram na parcela a vencer em até 12 meses, cuja participação no total da dívida passou de 26,38% para 27,21%, e no prazo médio, que recuou de 40,19 meses para 39,59 meses de outubro para novembro. Essas variações significam uma piora no perfil da dívida interna, que se torna mais sujeita às oscilações de curto prazo no mercado financeiro. A parcela cambial da dívida interna também teve alteração substancial quando se inclui as operações de swap cambial feitas pelo Banco Central, passando de 1,32% para 3,17% do total. Swaps são instrumentos em que o Banco Central assume uma dívida virtual em dólar e um crédito, também virtual, em taxa de juros. O movimento refletiu a desvalorização do real e as colocações de swaps pelo Banco Central no mês passado. Até setembro, antes do agravamento da crise, a posição do País era credora em câmbio.

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