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Câmbio volátil atrapalha também o exportador

Por Agencia Estado
Atualização:

A alta do dólar está complicando a composição de custos das indústrias de calçados e, ao contrário de impulsionar, pode até moderar os ganhos previstos na exportação. Os fabricantes alegam que a taxa de R$ 3,00 por dólar, atingida hoje, não poderia vir em pior hora. A volatilidade do câmbio pode inibir as boas perspectivas de vendas sinalizadas pela Francal, feira realizada em São Paulo neste mês, e torna uma incógnita o preço razoável para se negociar o sapato na feira de Las Vegas (EUA), que começa na próxima semana. Para os calçadistas, o câmbio atual encobre uma série de riscos, pois os negócios fechados agora só vão virar dinheiro alguns meses depois. "Esta taxa é fictícia para quem planeja num prazo mais longo", diz o diretor da Sândalo S.A., de Franca (SP), Carlos Brigagão. Ele viveu problema parecido no ano passado. "Vendemos o calçado em setembro de 2001 com custo do dólar a R$ 2,60 e recebemos o pagamento, em março, com o dólar a R$ 2,28", lembra. A Sândalo exportou no ano passado 32% de sua produção de 1,5 milhão de pares, e deve voltar à média de 40% da produção exportada neste ano. Brigagão diz que poderia vender mais para o exterior, mas que será comedido nas exportações. Na Calçados Free Way, também de Franca, as exportações poderão até dobrar neste ano, mas o número "poderia ser melhor", segundo seu diretor-presidente, Wayner Machado Silva. A Free Way deve vender neste ano 400 mil pares para o exterior, de uma produção de 2,2 milhões de pares. Os 200 mil pares exportados no ano passado, ou 10% da produção de 2 milhões de pares, seguiram para cinco países. Neste ano, são 12 países comprando sem contar o mercado americano que a empresa espera abrir a partir da feira em Las Vegas. "Vamos exportar os 10% que havíamos previsto para o crescimento da empresa neste ano", diz Silva. Ele comenta que não aumentará a produção para atender a uma demanda mais forte dos exportadores. "O câmbio está muito incerto para apostarmos alto nas exportações", argumenta. Para 2003, quando espera enfrentar oscilações menores no câmbio, a Free Way planeja exportar mais de 600 mil pares. A cautela dos fabricantes em relação às vendas externas, com o dólar em alta, também aparece nas previsões da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABI-Calçado), que estima exportações entre US$ 1,6 bilhão e US$ 1,8 bilhão este ano. No ano passado, as vendas externas somaram US$ 1,615 bilhão, um número que poderia ter sido maior não fosse o ataque aos Estados Unidos em 11 setembro. "Se tivéssemos um dólar estável neste ano poderíamos chegar próximo aos US$ 2 bilhões em exportações", calcula o presidente da ABI-Calçado, Elcio Jacometti.

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