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Reunião é interrompida; líderes dos caminhoneiros farão encontro para tomar decisão sobre greve

Maior parte das entidades representativas aceitou pedido de trégua, mas o presidente da Abcam, José da Fonseca afirmou que orientará base a manter greve até que seja aprovada lei que desonera o PIS/Cofins sobre o diesel

Foto do author Julia Lindner
Por Fernando Nakagawa , Lu Aiko Otta e Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - A reunião no Palácio do Planalto sobre a paralisação dos caminhoneiros foi interrompida para que os representantes do movimento pudessem realizar reunião paralela para "alguma decisões" sobre o tema. A informação foi dada à imprensa pela assessoria de imprensa da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA). Quando o grupo deliberar, deve ser retomada a reunião com os representantes do governo. Uma das entidades presentes à reunião, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), deixou o encontro após não concordar com a proposta de trégua feita pelo governo federal.

Numa clara divisão do movimento de paralisação dos caminhoneiros, a maior parte das entidades representativas da categoria aceitou nesta quinta-feira, 24, o pedido de trégua feito pelo governo para que sejam examinadas as reivindicações da categoria. Mas o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca, deixou a reunião antes do fim afirmando que orientará sua base a manter a greve até que seja aprovada e sancionada a lei que desonera o diesel do PIS/Cofins e da Cide.+ AO VIVO: Siga a greve dos caminhoneiros pelo Brasil

Manifestações podem ser suspensas nesta tarde, desde que o projeto que prevê zerar a PIS-Cofins sobre o óleo diesel seja aprovado pelo Senado Foto: Nelson Andrade

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Questionado se a maioria havia aceitado o pedido de trégua do governo, ele afirmou: "a maioria que está aí dentro sim, mas a que está lá fora, não. Está esperando o meu pronunciamento." Fonseca diz liderar 700.000 caminhoneiros, em 60 sindicatos e 7 federações.

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O presidente da Abcam disse que seu objetivo é resolver o problema do PIS, da Cofins e da Cide. Ele contou ter dado ao governo um prazo de dois dias - até sexta-feira - para uma resposta. "A Câmara fez a lição de casa: votou e encaminhou para o Senado", disse. "Mas temos um presidente do Senado e do Congresso que acha que é o maior brasileiro do mundo. Pegou o avião dele e foi embora. Nos deixou nessa situação. Por causa disso, eu, que estou na frente desse movimento, vou falar com o meu pessoal que não vamos levantar o movimento enquanto esse homem não chegar, convocar os senadores, votar e aprovar a lei. Aí sim, eu levanto o movimento."

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O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), viajou hoje cedo para Fortaleza. Mas, diante da repercussão negativa, resolveu voltar e convocar uma reunião às 19 horas desta quinta.

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Informado da volta de Eunício, Fonseca não se impressionou. "Problema dele." O que interessa, acrescentou, é ver a lei aprovada.

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Questionado sobre a proposta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) de reduzir o PIS-Cofins de R$ 0,46 para R$ 0,29, ele irritou-se "Esse, não falaram para mim. Falaram a redução integral. A cada problema que eles arrumarem o movimento vai continuar cada vez mais forte. Se quiserem pôr fogo nesse País estão conseguindo." Maia apresentou essa sugestão depois que o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, deu uma entrevista afirmando que a Câmara havia aprovado o projeto de lei com a desoneração do PIS-Cofins sobre o diesel com base em cálculos errados.

A pauta em discussão na reunião que ainda prossegue no Planalto trata de temas que Fonseca considera "secundários". Por exemplo, o pedido para que alguns Estados, como São Paulo, Paraná e Mato Grosso, deixem de cobrar pedágio sobre os eixos suspensos dos caminhões, como já ocorre nas rodovias federais. O movimento continuará enquanto não houver um preço "convincente" para o óleo, disse. "Meu amigo, quando o governo não quer atender reivindicações, cria grupo de trabalho. E é isso que está acontecendo", informou o presidente da Abcam.

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