Caminhos da energia solar: aumento da produção e queda do preço viabilizam mercado brasileiro

Cenário aponta para grande expansão da energia solar no País ao longo da década que está começando

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Por Redação
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Modalidade sustentável de geração de energia que vem ganhando importância a cada dia no País, a energia solar é responsável atualmente por 2,1% da matriz elétrica nacional. Parece pouco, mas a produção fotovoltaica saiu praticamente do zero há cinco anos. De lá para cá, a produção saltou de 93 megawatts (MW) em 2016 para os atuais 10.429 MW - um aumento de 112 vezes. Com base nesse crescimento exponencial, projeção da Bloomberg New Energy Finance apontou que a energia solar será a principal fonte da matriz elétrica brasileira em 2040 - 32%, ante 29% das hidrelétricas - e a principal do mundo em 2050.

Um fator essencial para esse crescimento é a queda dos custos. Se, no começo, a energia solar era considerada uma alternativa cara, hoje esse conceito está superado. O preço médio nos leilões de energia no mercado regulado brasileiro caiu a um quarto no período entre 2013 e 2021, de US$ 103 para US$ 25,87 por megawatt-hora (MWh). Desde 2019, a energia solar se tornou a fonte mais competitiva dos leilões de energia realizados no País.

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Energia solar será a principal fonte da matriz elétrica brasileira em 2040. Foto: GettyImages

Considerando-se a crescente demanda por fontes sustentáveis de energia, em sintonia com as metas corporativas de redução das emissões de carbono e os princípios ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), o cenário aponta para uma grande expansão da energia solar no Brasil ao longo da década que está começando.

Para discutir os benefícios econômicos e ambientais da energia fotovoltaica e as perspectivas desse mercado, o Estadão Blue Studio promoveu o webinar "Caminhos da energia solar" no dia 6 de outubro. Mediado pela jornalista Amanda Pupo, o evento foi patrocinado pela Equinor - empresa internacional?de energia que atua há 20 anos no País - e teve três painéis: "Ganhos do uso da energia solar", "Desafios da matriz elétrica brasileira e as políticas econômicas que envolvem a energia solar" e "Como viabilizar a energia solar no setor privado - residências e empresas". 

Brasil avança no ranking mundial

Em 2020, o Brasil foi o nono país que mais instalou novos sistemas de energia solar, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia (IEA) compilados pela Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar). Foram 3,1 GW em novos empreendimentos, aumento de quase 40% em relação a tudo o que o País havia instalado até então.

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As instalações feitas no País em 2020 foram, predominantemente, de pequeno porte. De acordo com a Absolar, 80% dizem respeito à chamada geração distribuída, composta em geral por placas fotovoltaicas instaladas em telhados de residências ou estabelecimentos comerciais para contemplar a demanda desses consumidores. As projeções para 2021 são de aceleração ainda maior do ritmo, com a perspectiva de chegar a um crescimento de pelo menos 50% em relação a 2020, impulsionado mais uma vez pela geração distribuída.

Com esse desempenho, o Brasil vem se aproximando da Holanda na disputa pelo 13º lugar do ranking mundial. A China detém uma liderança ampla, com 254,4 GW, ante 152,9 GW do segundo colocado, os Estados Unidos. Apesar do crescimento registrado nos últimos anos, os especialistas são unânimes ao afirmar que a posição brasileira no ranking mundial ainda está muito aquém do potencial - até mesmo porque, nas demais modalidades de energia renovável, o País já está entre os dez primeiros do mundo.

Tudo indica que é apenas uma questão de tempo para que o Brasil chegue aos top ten. O País vem apresentando um ritmo de desenvolvimento bem acima da média global. Enquanto a produção do planeta nos últimos dez anos passou de 40 GW para 710 GW, um salto de quase 18 vezes, no Brasil, a produção foi multiplicada por 112 só nos últimos cinco anos, saindo de menos de 0,1 GW para 10,4 MW.

Brasil, terra do sol

"Somos reconhecidos como um dos melhores países para investir em energias renováveis, em especial na solar", diz Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar. Boa parte desse reconhecimento decorre dos atributos naturais do País - território amplo, com alta incidência de iluminação solar ao longo de todo o ano. 

De acordo com análise comparativa produzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o potencial de produção da energia solar no Brasil varia entre 4,25 e 5,5 kilowatt-hora (kWh) por m2, ante 3,5 a 5 kWh por m2 na Europa. É uma diferença expressiva, mas os brasileiros ainda não desfrutam como poderiam desse atributo. Apenas 765 mil unidades consumidoras de energia do País já recorrem à energia solar e recebem créditos pelo Sistema de Compensação de Energia Elétrica, num universo de 86 milhões de possibilidades - ou seja, 0,9%.

Além da forte redução nos custos registrada pela energia solar nos últimos anos, outro fator que impulsiona o crescimento da modalidade no Brasil é a oferta de financiamentos específicos para quem deseja investir na modalidade - são mais de 70 linhas disponíveis no mercado, muitas delas oferecidas pelos bancos mais tradicionais, com vantagens na comparação com as demais opções de empréstimos. 

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"As prestações desses financiamentos frequentemente ficam menores do que a economia obtida na conta mensal de energia, que pode chegar a 90%", diz Koloszuk. Assim, de acordo com as projeções da Absolar, depois de cinco ou seis anos de um financiamento que se paga praticamente sozinho, o consumidor dispõe ainda de um longo período para ampliar as vantagens financeiras decorrentes da energia solar - já que, em geral, os equipamentos têm garantia de fábrica de 20 anos.

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