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Campos de golfe viram atração em condomínios

Número de empreendimentos que unem moradia e golfe dobrou nos últimos dez anos

Por Marianna Aragão
Atualização:

O golfe no Brasil está deixando de ser um esporte restrito a pouquíssimos milionários e estrangeiros endinheirados. Na última década, o País ganhou cerca de 20 mil novos praticantes e viu o número de campos saltar de 46 para 107. Segundo a Confederação Brasileira de Golfe, estima-se que o esporte movimente cerca de R$ 400 milhões por ano no País. Esses investimentos, antes concentrados em resorts e hotéis no Nordeste, começam a migrar para outros ramos. O mercado imobiliário residencial é o principal deles. Segundo Fábio Mazza, organizador do Brasil Golf Show - evento do setor que terminou na semana passada, na Bahia -, o número de empreendimentos que unem moradia e golfe dobrou nos últimos dez anos. "Hoje, eles representam pelo menos metade do total dos 30 campos em construção no País." Nesses empreendimentos, 30% dos moradores são golfistas e outros 60% compram motivados pela paisagem e pela baixa densidade de ocupação dessas áreas. No caso do empresário Paulo Coli, de 51 anos, os dois fatores influenciaram a compra. Ele pratica o esporte há dois anos e, há quatro meses, mudou-se para o condomínio Damha, em São Carlos, no interior de São Paulo. Inaugurado há um ano, o empreendimento tem 200 casas e um campo de golfe com 18 buracos. "O golfe me levou para lá", afirma Coli. Antes, quando morava no centro da cidade, o empresário levava até duas horas para fazer o percurso escritório-campo-casa. Com trânsito, chegava a desistir no meio do caminho. "Quando soube do condomínio, pensei: é a oportunidade para unir o útil ao agradável." Hoje, tem tempo para praticar o esporte três vezes por semana. "Do trabalho vou direto para o campo bater uma bolinha e, de lá, não gasto três minutos de caminhada até em casa." A casa de 610 metros quadrados foi construída priorizando o esporte. O terraço da sala de estar, por exemplo, tem ampla vista do gramado. Segundo o diretor da área de golfe do Damha, Carlos Gonzalez, o empreendimento nasceu para atender à demanda de empresários, pesquisadores e executivos de companhias do pólo tecnológico da região. "Como uma partida dura até quatro horas, eles não querem perder tempo com deslocamentos. Por isso, optam pela comodidade de ter o golfe do lado de casa", explica Gonzales. A construção do campo de golfe consumiu cerca de R$ 15 milhões, 37% do valor total do investimento. NORDESTE No Nordeste, onde o esporte já é atrativo comum de resorts de alto padrão, novos empreendimentos que aliam moradia e turismo surgem às dezenas. O Grupo Odebrecht, por exemplo, tem pelo menos três condomínios com esse perfil sendo entregues ou em construção na Bahia. Um deles, previsto para entrega em junho do ano que vem, já tem 75% das 170 casas vendidas. Todas ficam em frente ao campo. Outro investimento do grupo, de R$ 115 milhões, foi lançado há dois meses e já tem 30% dos apartamentos, bangalôs e casas vendidos. "O campo de golfe alavanca em 30% o nosso negócio", diz o gerente de marketing da Odebrecht Bahia, Franklin Mira. Segundo Mira, os estrangeiros ainda são responsáveis por 60% das compras nesses condomínios. Mas esse cenário começa a mudar. "O mercado brasileiro está em crescimento." Mas não são apenas as empresas nacionais que apostam nesse segmento. Grupos internacionais, como o espanhol Sánchez e o francês In-Vi, também lançaram condomínios residenciais com campos de golfe nos últimos meses. Todos centram esforços no Nordeste, onde faz sol o ano inteiro - condição ideal para a prática do esporte. Em Natal (RN), o projeto dos espanhóis terá cinco campos num complexo com oito hotéis e mais de 30 mil casas. Já o grupo In-Vi, há dois anos no Brasil, fará seu investimento em Aracaju (SE). O condomínio terá casas e apartamentos de luxo circundados por um campo de golfe. "A idéia do empreendimento é funcionar realmente como residência, já que estamos a apenas quatro quilômetros do centro da capital sergipana", conta o presidente da In-Vi Brasil, John Hunnicutt. Os investimentos chegam a R$ 250 milhões. Segundo Fábio Mazza, do Brasil Golf Show, nos próximos cinco anos o País terá 15 campos prontos e mais 30 em construção. Cada campo leva no mínimo dois anos para ficar pronto. ATRATIVO Além de condomínios e resorts no interior e Nordeste do País, o golfe virou atrativo de vendas também em imóveis de grandes cidades. Em junho do ano que vem, a construtora Tecnisa entrega seu primeiro prédio com espaço para prática do esporte. A área de lazer do empreendimento, que fica em um bairro nobre da capital paulista e cujos apartamentos custam a partir de R$ 1,1 milhão, tem um espaço para se treinar tacadas curtas - o "putting green". "O golfe é ligado à sofisticação", justifica o diretor-técnico da Tecnisa, Fábio Villas Bôas.

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