Dados preliminares do Balanço Energético Nacional (BEN-2007), divulgados nesta quinta-feira, indicam que a cana-de-açúcar ultrapassou no ano passado, pela primeira vez, a energia hidráulica como fonte de energia no país, ficando atrás apenas do petróleo e derivados. O cálculo contabiliza energia em geral, incluindo o setor de combustíveis, não somente a porção elétrica. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, a cana atingiu um peso de 16 por cento da matriz energética brasileira no ano passado, deixando em terceiro a energia hidráulica, com 14,7 por cento. O petróleo (com derivados) teve em 2007 um peso de 36,7 por cento na matriz energética brasileira, caindo em relação a 2006, quando registrou participação de 37,8 por cento, mas mantendo a liderança. "É um ano histórico nesse sentido, e uma tendência irreversível", afirmou Tolmasquim ao comentar a nova composição da matriz energética. Ele destacou que o crescimento da importância da cana se deveu ao aumento da demanda por etanol, já a produção elétrica por meio da queima do bagaço ainda não é representativa. Segundo dados da EPE, o consumo de álcool hidratado (tipo utilizado pelos veículos bicombustíveis) subiu 46,1 por cento em 2007, para 10,4 bilhões de litros, e o de álcool anidro (que é misturado à gasolina) subiu 19,7 por cento, para 6,2 bilhões de litros. Por outro lado, a queda no consumo de gasolina no ano passado foi de 3,9 por cento, para 18 bilhões de litros. A EPE constatou que o Brasil manteve-se auto-suficiente em petróleo, com uma produção de 1,751 milhão de barris por dia, para um consumo de 1,734 milhão de barris. (Edição de Marcelo Teixeira)