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‘Cannes Lions quer debater criatividade durante o ano todo’, diz Philip Thomas

Em 2021, festival amplia foco nos prêmios e traz novo sistema de ‘membership’ para unir a comunidade do setor

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Por Fernando Scheller
Atualização:

Pela segunda vez, por causa da pandemia de covid-19, o Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade será online. Ao contrário da edição do ano passado, em 2021 os prêmios estarão de volta em dose dupla, com Grand Prix e Leões distribuídos para os melhores trabalhos de 2020 e 2021.

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O festival deste ano, que começa hoje, trará ainda 40 horas de conteúdos exclusivos sobre criatividade para os inscritos em Cannes Lions e também para os que aderiram ao Lions Membership, espécie de clube do setor de mídia e marketing para troca de experiências. “É uma oportunidade de ampliar a comunidade criativa e fazer com que as discussões sobre o tema se espalhem pelo ano todo”, disse Philip Thomas, presidente do conselho de Cannes Lions, em entrevista por e-mail ao Estadão.Leia, a seguir, os principais trechos da conversa:

Como será a estratégia de conteúdo para o festival deste ano?

O Cannes Lions Live será muito focado nos trabalhos (vencedores) e seremos muito mais profundos sobre essas peças do que fomos antes. Teremos uma série de 28 vídeos em que examinaremos com profundidade as peças vencedoras com nossos presidentes de júri ao redor do mundo. E vamos produzir 150 filmes, com 40 horas de conteúdo, que estarão disponíveis desde o início do festival para que os inscritos Lions possam assisti-los na hora em que for mais conveniente.

O sistema de “membership” do festival pode ser uma forma de ampliar a comunidade criativa?

No ano passado, quando fizemos o Lions Live gratuito, vimos oportunidade de abrir as portas para todos – e agora temos 80 mil pessoas parte dessa comunidade. Então, acredito que há uma oportunidade, com o Lions Membership, de ampliar essa comunidade – e fazer com que as discussões deixem de estar concentradas em uma semana do mês de junho e se espalhem pelo ano todo. 

Thomas vê demanda por festival presencial em 2022. Foto: Clayton de Souza/Estadão

Há preocupação de trazer talentos de minorias para o festival?

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O Lions Membership (€ 249 por ano, ou cerca de R$ 1,5 mil) é uma maneira acessível de reunir a comunidade criativa. E isso traz naturalmente um público mais diverso, que antes não tinha interação com o festival ou condições de frequentá-lo. E estamos dando um desconto de 30% para pessoas com menos de 30 anos. Há um grande potencial para a plataforma reconhecer e apoiar esses talentos – e este é um elemento que vamos construir e ampliar nos próximos meses.

Depois de dois anos de festival ‘virtual’, o que Cannes está planejando para 2022?

Um ponto positivo do digital foi atrair novas audiências e tentar coisas novas. No futuro, Cannes Lions continuará a ter um elemento digital significativo, para atingirmos quem não pode ir a Cannes, mas o festival presencial vai voltar em 2022 e isso é muito excitante.

Existe receio de que, após dois anos, o interesse pelo festival presencial possa ter sido afetado?

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O apetite para o retorno a Cannes neste ano foi alto e tenho certeza de que vai ser mantido no ano que vem. Na minha opinião, somos seres sociais e não podemos viver sem nos encontrar, então ir a eventos ainda é algo que as pessoas querem fazer – e muito. Claro que os diretores financeiros, os problemas de orçamento e os efeitos do ano passado na economia vão ter efeito nessas decisões. No entanto, à medida que as pessoas acreditarem que a criatividade pode ajudar a trazer novos negócios e crescimento, elas voltarão ao Palais.

Cannes Lions vai homenagear os trabalhos de 2020 e 2021. A pandemia ajudou o setor a buscar soluções mais simples e eficazes?

Tivemos muita oportunidade de inovação e tomadas de risco, conseguindo aprovação para coisas que, antes, as marcas tinham medo de tentar. A pandemia criou uma “economia do tentar”. Vimos mudanças, reinvenção de modelos de negócios e muitas soluções criativas que ajudaram negócios a crescer, sobreviver e a criar mudanças positivas. Uma pesquisa da Ebiquity mostrou que 81% das marcas cortaram verbas de publicidade em 2020 – e isso mostra o tamanho do desafio. Com os prêmios deste ano, vamos entender melhor o tamanho da experimentação, as tendências e o que veio ou não para ficar. 

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Durante a crise da covid-19, em sua avaliação as marcas conseguiram ser sensíveis à crise e a fazer parte da conversa de maneira adequada?

Nós já sabíamos do incrível poder das marcas mesmo antes da pandemia de covid-19. E nós temos visto cada vez mais marcas tentarem partir para a ação, em vez de apenas tentar defender alguma causa. Os consumidores esperam muito das marcas e claro que elas muitas vezes falham ao longo do caminho, mas também vimos grandes exemplos de empresas que acertaram muito. E acho que a premiação deste ano vai ser uma prova disso.

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