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Canuto está otimista com a questão do aço e Alca

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário de Relações Internacionais do Ministério da Fazenda, Otaviano Canuto, considera que a sobretaxa às importações de aço por parte dos Estados Unidos poderá ser revista pelo governo George W. Bush, diante do prejuízo que vem causando a poderosos setores da indústria americana, como a automobilística e a de máquinas e equipamentos. A Organização Mundial do Comércio condenou a sobretaxa e autorizou os países atingidos (Brasil, China e a União Européia) a impor represálias comerciais aos Estados Unidos. "Uma das virtudes da integração econômica, inclusive a integração comercial, é que ela cria interesses em favor da integração. Não esqueça que há vários setores, de várias regiões dentro dos Estados Unidos que, ao contrário de serem beneficiados pelas salvaguardas, na verdade estão sendo prejudicados", disse Canuto, durante a entrevista que concedeu ao programa Conta Corrente, da Globo News. Reação interna Segundo o entrevistado, o aço é um insumo muito importante em várias cadeias produtivas. "Pergunte (àqueles setores prejudicados) nos Estados Unidos o que eles estão achando do fato de ter de pagar um preço mais alto por esse insumo? Na verdade, quanto mais as economias se integram, a gente vê a presença de interesses que se contrapõem ao protecionismo. No longo prazo, nós sabemos que a vitória vai ser do sistema multilateral. A retórica e o cálculo político-eleitoral vai pesar, mas é uma questão de tempo. Pode até ser que o presidente Bush opte por considerar que já foi dado o tempo suficiente de resposta para a indústria siderúrgica local e que essas salvaguardas sejam eliminadas dentro de um certo período de tempo." A reunião de Miami O secretário de Relações Internacionais do Ministério da Fazenda também tem uma visão otimista em relação à reunião ministerial da próxima semana, em Miami, para uma nova rodada de conversações sobre a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Para ele, os encontros recentes do chanceler Celso Amorim, em Washington, serviram para amenizar as diferenças que Brasil e Estados Unidos vêm mantendo em relação ao assunto. "A gente sempre tem a esperança de que o bom senso, o interesse geral e a ampliação do comércio prevaleçam. E que as partes tenham suficiente flexibilidade para acomodar seus interesses." Negociações complexas Otaviano Canuto voltou a insistir na posição do governo brasileiro, que considera difíceis e complexas as negociações, devido, inclusive, à diversidade das economias dos diversos países chamados a participar do acordo. Lembrou que os ítens das negociações têm valores distintos para cada um dos países. "O importante é que nós tivemos, nessa reunião do fim de semana (a visita de Amorim a Washington), bons sinais, talvez uma esperança, de haver flexibilidade para que os interesses diferentes possam se acomodar, porque existem muitas oportunidades e ganhos mútuos para todas as partes envolvidas." Chutes na canela Citando um amigo diplomata, Canuto disse que negociações como a da Alca são duras. "Você chuta a canela, enfia o dedo no olho, mas no final os interesses mútuos podem prevalecer. Nós continuamos com certo otimismo, e talvez, com os elementos das duas últimas semanas, possam estar apontando para um resultado, digamos assim, não tão pessimista, pelo menos destravando o caminho para que a gente possa avançar."

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