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Caoa vai produzir carros da chinesa Changan na fábrica da Ford no ABC

Aquisição de unidade que abrigou montadora americana por 50 anos marcará o retorno ao Brasil de marca que atuou por aqui até 2016, apenas com veículos importados; fábrica deverá priorizar modelos SUV, que serão mais baratos do que os da Caoa Chery

Por Tião Oliveira
Atualização:

A compra da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo, pela Caoa já tem objetivo definido: produzir automóveis da Changan, uma das cinco maiores montadoras da China. Na cerimônia do anúncio do negócio, no Palácio dos Bandeirantes, nesta terça-feira, 3, havia pelo menos dois representantes da marca chinesa.

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Um deles, que preferiu não se identificar, disse que há uma comitiva da empresa no Brasil acertando os detalhes da parceria. Seria um retorno da Changan ao País: a empresa já esteve no Brasil, com veículos importados, mas acabou desistindo do mercado.

A coletiva de imprensa sobre a aquisição da fábrica pelo grupo brasileiro teve a presença do governador de São Paulo, João Doria, e dos presidentes da Ford América Latina, Lyle Watters, e do Grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade. O empresário brasileiro confirmou que pretende usar a fábrica do ABC para fazer carros “de uma marca chinesa”, sem citar nomes. Logo após o fim do evento, Andrade saiu sem falar com os jornalistas.

Carlos Alberto Oliveira Andrade, o Caoa (a esq), cumprimenta o governador João Doria e o presidente da Ford para a América do Sul, Lyle Watters Foto:

O acordo encerrou sete meses de incertezas em relação à unidade. A compra da fábrica da Ford pela Caoa passará agora para a fase de due dilligence – em que detalhes financeiros são analisados – por 45 dias. Depois disso, a aquisição deve ser oficializada.

O negócio ocorrerá menos de dois anos depois de a Caoa assumir as operações da Chery no Brasil. Em novembro de 2017, o grupo brasileiro, que já detinha as marcas Subaru e Hyundai, comprou metade da operação da marca chinesa, por US$ 60 milhões, criando a Caoa Chery.

Com expansão de 131%, a Caoa Chery foi a marca que mais avançou no Brasil em 2018. A empresa vendeu 8.640 carros no País no ano passado, ante 3.734 de 2017.

Retorno

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A Changan está entre as cinco maiores montadoras chinesas. Em 2017, teve o melhor resultado histórico, ocupando o quarto lugar no seu mercado de origem, com mais de 2,8 milhões de veículos vendidos. Por lá, atua em parceria com a Ford.

Segundo fontes do setor, a Changan deverá produzir principalmente SUVs (utilitários esportivos) no ABC Paulista. Os modelos, porém, deverão ser mais baratos do que os produzidos pela Caoa Chery.

A Changan já atuou no Brasil. A empresa chegou ao País em 2006, por meio de um importador, e ficou até 2016. Durante esse período, vendeu veículos comerciais da subsidiária Chana Motors – que, assim, como a Hafei, pertence à Changan. À época, oferecia três modelos: uma picape e duas vans, uma de carga e outra de passageiros.

Em 2011, a marca passou a se chamar Changan no Brasil e anunciou a importação de automóveis de passeio. No entanto, a promessa – que incluía o hatch compacto Ben Ben, o crossover CX20 e o sedã Yuexiang – nunca se concretizou.

De acordo com Andrade, na planta de São Bernardo do Campo serão feitos veículos 'de uma marca chinesa' Foto: Rahel Patrasso/ESTADÃO

Procurada, a Caoa disse que não há nenhum tipo de acordo firmado com uma marca chinesa para a fábrica do ABC. “Caso isso ocorra, o grupo fará um anúncio público e comunicará a imprensa a respeito.”

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