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Capital não tem indústria nem comércio fortes

Por PALMAS (TO)
Atualização:

A capital planejada do Tocantins, na beira da represa do Lageado, é uma ilha da fantasia financiada por dinheiro federal. A cidade que concentra a maior parte do dinheiro repassado ao Estado tem infraestrutura, mas não tem comércio, serviços ou atraiu indústrias fortes. Da manteiga ao sabão, quase tudo que é consumido na capital vem de Goiânia e Brasília. Mais da metade das famílias vive de empregos diretos do poder público.A cidade ajuda a elevar os índices numa área sensível. O Estado está em 12.º lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), à frente de Bahia, Maranhão, Pará e Piauí. De 0 a 10, os estudantes do Tocantins tiraram nota 4,9 em 2011. É a maior nota do Norte.Palmas é criação do governador tucano José Wilson Siqueira Campos, 84 anos, que está no quarto mandato. Em 1988, ele negociou com Ulysses Guimarães, Fernando Henrique Cardoso, Mario Covas e José Serra a criação do Estado em troca de apoio a propostas do grupo. O Triângulo Mineiro, o Nortão de Mato Grosso e o Sul da Bahia não conseguiram se desmembrar. No comando de cada prefeitura, ele emplacou aliados. Mas cidades projetadas viraram dormitórios, que vivem do dinheiro de caminhoneiros.O então norte goiano, maior que o Uruguai, passou de 60 municípios para 139. A ideia era chegar a 146, mas novas leis impediram. A elite econômica mora longe de Tocantins e os pobres, bem perto de silos de grãos, pátios tomados por bags - depósitos improvisados de soja - e pastos de pecuária.Nas eleições de 2010, Siqueira Campos derrotou o então governador Carlos Henrique Gaguim, do PMDB, por diferença de sete mil votos apenas. Enfrentou um adversário apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição estava fragilizada por denúncias. O ex-aliado Marcelo Miranda, do PMDB, teve o mandato de governador cassado em 2009. E o ex-prefeito de Palmas Raul Filho (PT) sofreu denúncia de envolvimento com esquema de corrupção./ L.N.

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