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Capitalização da Petrobrás: as razões do sucesso

Por Análise: Edmar Luiz Fagundes de Almeida
Atualização:

O debate eleitoral em vigor no Brasil tornou pouco claro para a população em geral a relevância e as consequências do recente processo de capitalização da Petrobrás.O calor do debate eleitoral levou as discussões para alguns temas controversos da operação de capitalização, que não necessariamente eram os mais importantes para determinar o sucesso ou o fracasso da mesma.O debate em torno da capitalização da Petrobrás foi dominado por duas questões principais: I) as consequências de um eventual aumento da participação do Estado brasileiro no capital da Petrobrás; e II) o nível de transparência quanto aos critérios de definição do preço do barril do petróleo.As vozes críticas ao processo de capitalização sustentaram até o fim que uma elevação da participação do governo no capital da Petrobrás iria contribuir para piorar o nível da governança corporativa, com o aumento da interferência política na empresa.Ao mesmo tempo, o governo estaria comprando essa maior participação mais barato que os acionistas minoritários. Isto ocorre porque o governo estaria pagando sua parte das ações com 5 bilhões de barris de petróleo avaliados arbitrariamente a US$8,51, um preço acima daquele que seria preço considerado justo. Como explicar o inegável sucesso da operação de capitalização da Petrobrás? As razões certamente passam longe das questões debatidas acima. Inicialmente, é importante ressaltar que as descobertas de petróleo da área do pré-sal fizeram do Brasil a principal área de expansão da indústria petrolífera mundial fora da OPEP.Ao mesmo tempo em que a Petrobrás tem uma posição privilegiada no pré-sal, as empresas internacionais de petróleo de capital aberto, que disputam com a Petrobrás os recursos dos investidores, vêm enfrentando muitas dificuldades para terem acesso a reservas de petróleo em condições econômicas aceitáveis.Por essa razão, não está fácil encontrar uma empresa de petróleo para investir com um bom prognóstico de crescimento da produção de petróleo. O contexto atual do mercado financeiro mundial, caracterizado por baixo nível da taxa de juros e um fraco desempenho das economias centrais também contribuiu muito para o sucesso da operação. Neste contexto, os grandes fundos de investimento internacionais não encontram boas opções de investimentos no mercado de capital dos países centrais.O País é visto como uma excelente oportunidade quando comparado com as outras opções. No Brasil, certamente um dos negócios mais promissores a médio e longo prazo é a Petrobrás. Dado o exposto acima, os investidores foram pragmáticos e aceitaram o risco do negócio. Esses investidores estão apostando que a boa governança corporativa da empresa não vai alterar significativamente porque o governo agora reforça um controle acionário que já detinha.Da mesma forma, estão calculando que o importante não é o preço dos 5 bilhões de barris de petróleo da cessão onerosa, mas é sim o baixo preço dos mais de 20 bilhões de barris do pré-sal que continuaram no regime de concessão atual. PROFESSOR DO GRUPO DE ECONOMIA DA ENERGIA DO INSTITUTO DE ECONOMIA DA UFRJ

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