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Cargill vê melhores margens no Brasil e prioriza açúcar e álcool

Por INAÊ RIVERAS
Atualização:

A alta dos preços internacionais dos grãos deve melhorar as margens de lucro da agroindústria do Brasil neste ano, embora o desequilíbrio fiscal continue sendo um sério problema, disse o presidente da subsidiária brasileira da norte-americana Cargill. Falando a jornalistas depois de um seminário na segunda-feira à noite, Sérgio Barroso enfatizou que o setor de açúcar e álcool é atualmente uma prioridade de investimento da Cargill no Brasil. "Os preços internacionais de praticamente todos os grãos exportados pelo Brasil melhoraram. Então este ano parece muito melhor. Há uma recuperação da margem, embora não em um nível muito alto ainda", acrescentou Barroso, que vai se afastar da Cargill em setembro. Os esmagadores de soja do Brasil foram pressionados nos últimos anos pelo aumento de custos e pela forte apreciação do real frente ao dólar, o que reduz a renda das exportações. Muitas companhias, incluindo a Cargill, tiveram de fechar unidades de processamento de soja, devido às baixas margens de esmagamento. Apesar da alta nos preços, o gargalo da infra-estrutura deficitária, a burocracia e o custo com impostos continuam sendo problemas enfrentados pelas empresas que atuam no Brasil, disse ele. Durante sua apresentação no seminário, organizado pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), ele criticou fortemente o ICMS interestadual. A Cargill, que negocia mais de 20 milhões de toneladas de produtos por ano dentro do Brasil, perde de 100 a 200 milhões de reais em taxas que teoricamente a companhia poderia recuperar, mas que não pode em função do sistema tributário. "Todo país protege os seus produtores, o seu negócio, e no Brasil, além de termos de procurar por compradores pelo mundo, temos que discutir como a indústria agrícola é tratada (pelo governo)", completou. Ele disse que o desequilíbrio tributário é um "sério problema", especialmente em um negócio com baixas margens de lucro. O executivo também disse que a companhia pretende ampliar os investimentos em álcool combustível. "Tudo acontece em ciclos, e hoje em dia o ciclo é investir mais em etanol e açúcar", disse ele. A Cargill é a principal negociadora de açúcar e álcool no Brasil, e até o ano passado havia comprado participações em duas usinas de açúcar e álcool, em São Paulo e Minas Gerais.

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