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Carne brasileira segue com embargo russo

Por CLÁUDIA TREVISAN e MOSCOU
Atualização:

A Rússia mantém o embargo às importações de carnes dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, apesar de as autoridades brasileiras terem anunciado a suspensão da medida no fim do mês passado. Nota publicada no dia 23 de novembro no site do organismo responsável pelo controle sanitário do país afirma que as compras "poderão ser retomadas", mas só depois do estudo de documentos apresentados pelo governo brasileiro. No dia 28, representantes do Ministério da Agricultura anunciaram no Brasil que haviam chegado a um acordo com os russos para a suspensão do embargo, depois de reunião em Moscou da qual participou o secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques. Mas a versão dos russos do mesmo encontro é mais contida. O assunto voltará a ser tratado hoje. "Nós continuamos sem exportar a partir desses três Estados", disse Pedro de Camargo Neto, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), que está em Moscou. A Rússia suspendeu as importações dos três Estados em junho de 2011, em uma medida que afetou 85 estabelecimentos. Os números relativos ao comércio bilateral mostram o impacto das restrições. Em 2010, as exportações para a Rússia do complexo carnes somaram US$ 1,89 bilhão, o equivalente a 46% dos embarques de US$ 4,2 bilhões. Com o embargo aos Estados em 2011, as vendas anuais caíram para US$ 1,5 bilhão, uma participação de 36% no total. A carne bovina conseguiu patamar inalterado de US$ 1 bilhões, mas as exportações de suínos caíram de US$ 645 milhões para US$ 391 milhões na comparação entre os dois anos. Os russos também demandam que o Brasil adote um processo de certificação para comprovar que a carne de porco destinada ao país não contém ractopamina, um aditivo alimentar que reduz a quantidade de gordura do produto. A substância é usada nos Estados Unidos, mas vetada na Europa, na China e na Rússia. O represente da Abipecs disse que os produtores têm linhas segregadas para os países que não aceitam a ractopamina, mas a Rússia anunciou que passaria a exigir certificação desse processo a partir de 7 de dezembro. O Brasil apresentou uma proposta e aguarda a posição de Moscou.

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