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Carnes podem conter injeção de soja e água

Segundo o Idec, o consumidor pode estar comprando carne com 2% de proteína de soja e 8% de água. Até abril, o governo aceitava essa prática, e embora a nova regulamentação proíba a prática, o consumidor ainda pode estar sendo lesado.

Por Agencia Estado
Atualização:

Ao comprar um quilo de carne, o consumidor pode estar levando apenas 900 gramas do alimento. Nesse caso, os 100 gramas restantes estarão divididos em proteína de soja e água. É isso o que está escrito, em letras miúdas, na lista de ingredientes de algumas embalagens de carnes de frango, suínos e de corte (carcaça). Apesar de não ter sido divulgada, a injeção de 2% de proteína de soja e 8% de água à carne foi permitida pelo Ministério da Agricultura até o final de abril deste ano, quando o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) descobriu que não havia nenhum tipo de regulamentação técnica sobre o assunto. A entidade enviou uma carta pedindo explicações ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, que emitiu um ofício circular, exigindo que as empresas especificassem claramente o uso dos ingredientes na embalagem. O Idec considerou a medida insuficiente e solicitou uma regulamentação técnica que estabeleça os ingredientes que podem ser utilizado na carne, seus respectivos limites máximos e metodologia de análise. No final de abril, o Ministério da Agricultura proibiu a injeção de proteína de soja e de água à carne, até que essa regulamentação esteja pronta. Consumidor confuso: Ministério da Agricultura aceita o uso das embalagens antigas Apesar da determinação, o Ministério da Agricultura permitiu que as indústrias continuassem a utilizar as embalagens antigas, onde consta a adição dos ingredientes. Segundo Othon Abrahão, coordenador de testes do Idec "isso é o máximo de erro na condução de um processo", pois como ainda não existes testes analíticos disponíveis, o consumidor não tem como saber se a determinação do Ministério está sendo cumprida. Segundo o Secretário de Defesa Agropecuária, Luís Carlos de Oliveira, nenhum produto sob inspeção Federal chega aos estabelecimentos comerciais se estiver fora dos padrões tecnológicos, industriais, higiênicos e sanitários estabelecidos, por isso, não há perigo. Ele argumenta que a preocupação principal foi proibir a injeção dos ingredientes à carne, e que o Ministério não pode impedir as empresas de utilizar as embalagens já prontas. "É responsabilidade das empresas avisar o consumidor". Propostas A proposta de regulamentação do Ministério da Agricultura, ainda sem data prevista para sair, prevê a injeção de proteína de soja e água somente às carnes industrializadas e embutidos em geral. Não será permitida a injeção dos ingredientes nos cortes de carne e carcaça. A preocupação do Idec é que o consumidor tenha uma informação clara daquilo que está comprando. Para isso, defende que conste no primeiro painel da embalagem, com letras iguais às do nome do produto, a adição de proteína de soja e água.

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