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Carnevali dirigia operações na AL

Todo equipamento vendido pela Cisco na América Latina passava pelo Brasil, por decisão do executivo

Por Leda Beck
Atualização:

Carlos Roberto Carnevali, que aparece na lista da Policia Federal (PF) de envolvidos na Operação Persona como ex-presidente da Cisco Brasil e membro do Conselho Mundial de Vendas da empresa, era mais que o gerente-geral no País. Segundo fontes da empresa na América Latina, Carnevali conseguiu convencer a matriz a concentrar todos os distribuidores e revendas da Cisco na América Latina em suas mãos. Assim, tornou-se vice-presidente para a América Latina na área de Mercados Emergentes, que é dirigida por Paul Mountford, na matriz. Todo equipamento Cisco vendido na América Latina passava, portanto, pelo Brasil. Em junho, Carnevali foi promovido a membro da equipe de Estratégia e Planejamento da organização mundial de vendas da Cisco e, em seu lugar, como vice-presidente para a América Latina, entrou o argentino Jaime Vallés Valdés. Como presidente da Cisco Brasil, ficou Pedro Ripper, enquanto o diretor de vendas era o filho de Carnevali, Carlos Roberto Carnevali Júnior. Ripper havia sido preso na terça-feira, mas foi libertado no sábado. Em suas notas oficiais sobre o caso, a Cisco Systems menciona a prisão de ''''apenas quatro funcionários''''. John Noh, porta-voz da empresa, revela que há uma ''''investigação interna'''' em curso, que não tem data para terminar. Na lista da Polícia Federal, além de Carnevali, seu filho e Ripper, outros dois funcionários da Cisco Brasil são mencionados: Marco Antônio Martins de Sena, diretor de Canais e Alianças; e Daniela Wink Ruiz, diretora regional de Vendas. Excluído Carnevali pai, que agora seria funcionário da matriz e não da subsidiária, Ripper, Sena, Ruiz e Carnevali Filho corresponderiam aos quatro funcionários locais referidos pela Cisco Systems. Uma fonte dentro da Cisco, familiarizada com a operação da empresa na América Latina, considera a situação ''''catastrófica'''', mas revela que, dentro da Cisco Systems, ninguém fala no assunto. Só ontem o diário do Vale do Silício, o San José Mercury News, publicou uma notícia sobre o assunto. Mas a catástrofe pode ocorrer, uma vez que parece haver sólida conexão entre a matriz da Cisco e as falcatruas no Brasil: trata-se do escritório panamenho de advocacia Alemán, Cordero, Galnido & Lee, conhecido como Alcogal. A Cisco Systems é uma das grandes clientes do escritório, que também atende ao Citibank, Santander, Shell, Philip Morris, Pfizer, Siemens e Charles Schwab, entre outros. O Alcogal é apontado pela PF como o articulador da rede de empresas fantasmas que operava o contrabando e a fraude fiscal. Em telefonema para o Alcogal, ontem, o Estado só conseguiu conversar com Maritza, uma das muitas assistentes de Jaime Eduardo Alemán, sócio do escritório. Maritza, que se recusou a dar seu sobrenome, disse que não sabia nada do caso brasileiro, mas se apressou em informar que nenhum dos quatro sócios estava disponível. O Estado perguntou, então, um por um, sobre os quatro nomes que aparecem na lista da PF, com a explicação de ser ''''vinculado ao escritório Alcogal e sócio interposto de diversas offshore'''': Andrez Maximino Sanchez, John Benjamin Foster, Miriam Estela Rivera e Myrna de Navarro, todos panamenhos. A cada nome, Maritza respondia: ''''Não está''''. No final, disse: ''''Na verdade, eles nem trabalham aqui''''.

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