PUBLICIDADE

Carrefour entra em fase final de negociação para comprar ativos do Makro no País

Acordo seria forma de varejista francesa reforçar operação do Atacadão; faturamento do Makro é hoje de R$ 7 bilhões

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller
Atualização:

A gigante francesa Carrefour está na fase final das negociações para a aquisição de ativos da rival Makro no País, apurou o ‘Estadão’ com duas fontes próximas às negociações. As conversas, que já duram cerca de seis meses, voltaram a esquentar nas últimas semanas. Há a expectativa de que o fechamento possa ocorrer já na semana que vem. O Carrefour deverá selecionar lojas, e não comprar toda a operação, segundo uma das fontes.

Loja do Makro, em São Paulo Foto: Daniel Teixeira/Estadão

PUBLICIDADE

Ao colocar parte do Makro para dentro de casa, o Carrefour vai reforçar a operação de seu atacarejo, o Atacadão – negócio que, aliás, também é fruto de uma aquisição, feita em 2007. Essa bandeira vem respondendo pela maior parte dos resultados do grupo francês no Brasil há alguns anos. O Makro, que pertence ao grupo holandês SHV, tem atualmente 74 lojas no País, onde fatura mais de R$ 7 bilhões por ano.

A operação brasileira ainda está nas mãos do grupo holandês, que foi fundado em 1964 e começou a operar por aqui no início dos anos 1970. O negócio brasileiro ficou nas mãos do SHV, apesar de a companhia ter vendido as lojas na Europa – onde estava concentrada a maior parte de sua operação – para a rede alemã Metro há mais de 20 anos. A intenção dos holandeses de se desfazer da operação nacional seria, portanto, bastante antiga. 

Para levar esse objetivo a cabo, desde 2018 o Makro vem “enfeitando” sua operação para garantir uma valor mais atraente. A decisão foi tomada tanto pelo fato de a SHV já ter saído do negócio há tempos lá fora quanto pelo fato de a rede não tem fôlego suficiente para disputar o varejo de igual para igual com as gigantes de mercado. 

Para atrair interessados, a rede fez um esforço de reforma de algumas lojas, além de abrir suas unidades, antes voltadas apenas a sócios, para o público em geral. Além disso, também fechou unidades deficitárias nos últimos tempos.

Depois de muito tempo fora da mídia, o Makro fez uma grande campanha de mídia no programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo. A companhia, que não aceitava cartões de crédito, fez parcerias com todas as bandeiras e passou a “convidar” o público pessoa física a comparecer a suas lojas. Ou seja: ficou cada vez mais parecida com rivais como o Atacadão e o Assaí, do Grupo Pão de Açúcar.

Apesar disso, a companhia ainda era mais conhecida pelo atendimento às pessoas físicas, especialmente a donos de restaurantes e lanchonetes, para os quais havia desenvolvido um sistema exclusivo de delivery.

Publicidade

Líder

Nos resultados divulgados mais recentemente pelo Carrefour, as vendas líquidas do Brasil cresceram 8,1% no terceiro trimestre de 2019, na comparação com o mesmo período do ano anterior, alcançando R$ 13,8 bilhões. O lucro cresceu 21% entre outubro e dezembro, para R$ 430 milhões, mas o resultado ficou abaixo das expectativas de analistas.

Segundo a mais recente edição do ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), publicada em março do ano passado, o Carrefour é líder de mercado no País, tendo faturado R$ 56,3 bilhões em 2018, seguido de perto pelo Grupo Pão de Açúcar, com R$ 53,6 bilhões. Em seguida vem o Grupo Big (que assumiu as operações da gigante americana Walmart).

Segundo Pedro Fagundes, analista de varejo da XP Investimentos, o Makro é deficitário, e que sob essa ótica, os múltiplos de uma transação não seriam atrativos. A estratégia adotada pelo Carrefour é que pode fazer a diferença. "Se o Carrefour converter as lojas em Atacadão, por exemplo, pode ser algo positivo", disse.

Procuradas pela reportagem, o Makro não respondeu. O Carrefour não comentou, informando estar em período de silêncio.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.