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Carreira e vida devem ser uma coisa só

Profissionais de diferentes áreas levam para o trabalho visões de sustentabilidade

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Por Redação
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Em 2018, durante as celebrações do aniversário de 25 anos da Fama Investimentos, o fundador Fábio Alperowitch passou a refletir mais profundamente sobre o papel que poderia exercer no Brasil marcado pela eleição de Jair Bolsonaro e por tragédias ambientais como a de Brumadinho. Ele decidiu que se manifestaria com mais frequência nas redes sociais. “Eu me dei conta de que, hoje, todo mundo se posiciona. O silêncio também é um posicionamento e eu não queria me posicionar assim”, diz Alperowitch.

Foi assim que ele iniciou um trabalho de “evangelização” do mercado financeiro sobre pautas de direitos humanos e sustentabilidade. “Percebia que era um público que estava muito distante desses temas e queria promover essas discussões”, lembra o executivo, que concentra a atuação como influencer no Twitter e no LinkedIn.

À frente da Fama, ele tornou-se um defensor do chamado “investimento responsável”. Procura demonstrar aos investidores que empresas com cultura ESG pensam a longo prazo – o que, geralmente, é indicativo de boa gestão. E alerta que empresas com rentabilidade anormalmente elevada devem ser analisadas com cuidado, em vez de simplesmente enaltecidas, pois isso pode ser indício de algum tipo de desequilíbrio que levará a consequências negativas a longo prazo.

Déficit de natureza

Antes da pandemia, a atriz Laila Zaid havia desenvolvido um projeto de educação ambiental voltado a crianças de escolas públicas do Rio de Janeiro. “Eu notava uma ausência de afeto e empatia das crianças em relação à natureza. Queria contribuir para mudar isso.”

Consciência ambiental: crianças conhecem os benefícios da natureza. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 04/12/2017

 

Quando chegou a covid-19, Laila mudou-se com a família e um grupo de amigos para a Serra Fluminense. “E aí ficou muito claro que, até certa idade, não existe melhor aprendizado do que o oferecido pela natureza. As crianças fazem cálculos incríveis ao pular de uma pedra para a outra e aprendem sobre o ciclo da vida ao ver os bichos nascerem e as folhas caírem”, descreve. Com essa experiência, a causa da educação ambiental ganhou ainda mais força dentro da atriz.

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“O contato com a natureza é um direito da criança, mas infelizmente se tornou um privilégio. Isso provoca grande prejuízo no desenvolvimento da saúde, tanto física quanto emocional. Nossas crianças estão sofrendo de transtorno do déficit de natureza.”

Caminho de volta

A Guaraci Agropastoril, localizada em Itirapina (SP), lançou em junho o NoCarbon, primeiro leite carbono neutro do país. À frente do empreendimento está Luis Fernando Laranja, sócio-fundador de outras empresas batizadas com palavras em tupi-guarani: a Kaeté Investimentos e a Caaporã Agrosilvopastoril. Tudo em sintonia com sua trajetória de vida – ex-professor de Bioquímica da Universidade de São Paulo (USP), Laranja abandonou a carreira acadêmica para empreender na Amazônia.

Ficou seis anos envolvido em um negócio de processamento de castanha do Pará, projeto que o aproximou de comunidades indígenas. “Pude então perceber com muita clareza a dívida absolutamente impagável que temos com os povos originários. São mais de 500 anos de destruição do componente arbóreo e das comunidades originais do Brasil. O trabalho que faço hoje é uma contribuição para que isso finalmente comece a ser revertido.” 

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Faculdade deve fomentar reflexões 

Para a professora Raquel Rogoschewski, coordenadora do Laboratório de Inovação Social (LIS) do Centro Universitário Facens, em Sorocaba (SP), o ambiente acadêmico, que tradicionalmente dá ênfase aos conhecimentos formais, precisa também impulsionar o desenvolvimento de qualidades comportamentais.

Formada em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), ela trabalhou na área de investimento social privado e sustentabilidade – e se apaixonou. “Eu me sinto como uma embaixadora desses temas dentro da faculdade, não apenas perante os alunos, mas também com os colaboradores e professores.” 

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Nova geração nasce sob o conceito de sustentabilidade 

Na adolescência, Cassia Moraes, hoje com 31 anos, começou a se interessar pela causa ambiental. Quando estudou Relações Internacionais, a questão climática foi o tema escolhido para o Trabalho de Conclusão de Curso.

Em 2018, justamente para facilitar o início da carreira de jovens interessados em sustentabilidade que ela criou o Youth ClimateLeaders, voltado ao público entre 18 e 30 anos. “Buscamos canalizar a energia de uma geração que já foi conscientizada sobre sustentabilidade.” Hoje já são 500 jovens integrados à rede, e a meta é ousada: chegar a um milhão até 2030.