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Carro chinês faz 'plástica' para rodar no Brasil

Veículos da JAC chinesa tiveram 242 modificações; próximas versões terão motor flex

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Os carros que a marca chinesa JAC vai vender no Brasil a partir de março receberam modificações em 242 itens para ficar mais ao gosto do consumidor local. Do câmbio à tampa do bocal do tanque de combustível, passando pelo ar-condicionado e pneus, o modelo J3 nas versões hatch e sedã "não tem nada a ver com o chinês", avisa Sérgio Habib, presidente do grupo SHC, importador da marca.

As mudanças foram negociadas com a fabricante chinesa e seus fornecedores, a maioria companhias globais como Delphi, Visteon e Johnson Control. As alterações para os modelos destinados ao Brasil agradaram tanto que a JAC as adotou em uma versão que recentemente começou a ser vendida na China, chamada de J3 Samba.

Sérgio Habib, presidente da SHC, que importa o carro chines J3 JAC (foto: JB Neto/AE)

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Para definir várias das alterações, a SHC realizou testes no Brasil e profissionais do grupo rodaram mais de 2 milhões de quilômetros com o carro no período de um ano e meio.

Carros importados normalmente recebem modificações, quase sempre limitadas a adaptações para rodar com gasolina misturada ao etanol e à suspensão, para enfrentar ruas e estradas esburacadas. Nos modelos da JAC, elas foram muito além.

Entre as modificações, Habib cita os bancos, que receberam veludo e forração mais firme; o ar-condicionado, que teve a carga de gás ampliada para refrigerar melhor; o tamanho dos pneus passou de aro 14 para 15; o limpador de para-brisas foi fortalecido; e as borrachas das portas foram reforçadas para vedar melhor a entrada de pó e fazer menos barulho ao serem fechadas.

O próximo passo será a substituição do motor a gasolina pelo flex, um trabalho conjunto da Delphi do Brasil, Delphi na China, JAC e SHC. A previsão é ter o equipamento em um ano e meio.

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A coreana Kia é a única empresa, por enquanto, que desenvolveu um motor flex especialmente para equipar um modelo vendido no Brasil - o Soul. É o primeiro motor da marca que roda com etanol no mundo.

Entre formação de rede, adaptações no carro, marketing e despesas operacionais, a SHC está investindo US$ 200 milhões (R$ 320 milhões) para trazer a marca JAC ao Brasil. Habib também foi responsável pelas importações da francesa Citroën. Com a construção da fábrica no Rio, ele presidiu a empresa por sete anos.

As 46 revendas do grupo nos principais mercados do País - das quais 35 pertencentes à SHC - serão abertas simultaneamente em 18 de março. Inicialmente Habib havia agendado o dia 14, mas, ao serem informados, executivos da matriz vetaram. "Não é um bom dia, 18 é melhor, pois o número representa longa vida", foi o conselho recebido pelo executivo brasileiro.

Só em campanha publicitária serão gastos R$ 100 milhões, incluindo megaevento no Shopping Aricanduva, na zona leste de São Paulo, onde os primeiros 200 compradores receberão simultaneamente os automóveis. Revenda-piloto já funciona no shopping e vendeu, em janeiro, 86 unidades do J3.

Maior mercado

O J3 hatch disputará mercado com modelos como Gol, Palio e Fiesta. Custa R$ 37.990 e vem equipado com diversos itens como airbag, freio ABS e detector traseiro de obstáculo. A versão sedã, que concorrerá com Siena e Voyage, custa R$ 39.990. Ambos têm motor 1.4 e garantia de três anos.

Em junho, chega ao País a minivan J6 e, em setembro, o sedã J5, que atuará na faixa do Corolla e do Civic. A previsão é de vendas de 35 mil veículos este ano e mais de 60 mil em 2012.

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"Seremos o segundo maior mercado da JAC, depois da China", diz Habib. A JAC, montadora de capital estatal e privado, vendeu no mercado chinês 445 mil automóveis e 180 mil caminhões em 2010. Apesar do volume baixo em relação ao mercado total - de 18 milhões de veículos -, está no grupo das principais montadoras chinesas que não atuam em parceria com multinacionais como GM e Volks.

O J3 é vendido na China a US$ 11 mil (cerca de R$ 18,7 mil). Segundo Habib, só o frete e o adicional pago à Marinha Mercante no transporte tem impacto de R$ 6 mil no preço final do automóvel, que também recolhe 35% de Imposto de Importação, além de outras taxas.

Acostumado a dirigir um Jaguar, marca que também representa no País, assim como a Aston Martin, Habib circulou na semana passada com um J3. "Claro que não tem o silêncio, o conforto e a aceleração do Jaguar", avalia ele. "E nem o preço", completa. Pelo valor de um Jaguar é possível comprar 14 modelos J3. 

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