Após o ciclo da inflação no País e com o mercado automotivo valorizado, tornou-se um mau negócio comprar um carro novo para ganhar com a sua venda, pois o veículo se desvaloriza logo após sair da concessionária. A queda no preço se deve principalmente à facilidade de aquisição de carros zero quilômetro. Do lado dos usados, a dificuldade da venda, mesmo os veículos com uma quilometragem baixa podem ter seu preço depreciado em até 22%. De acordo com especialista ouvido pela Agência Estado, como as montadoras se esforçam para chegar ao consumidor, principalmente com a chegada dos carros populares, o comprador na maioria das vezes prefere comprar um carro novo a um seminovo, apesar da diferença de preços entre eles. É que, além do fato de ser novo, pode-se escolher melhor a cor e os opcionais do veículo. Veja algumas comparações de preço Carros populares, por sua maior procura, costumam se desvalorizar menos com relação a carros mais luxuosos. Um Gol Special 1.0 duas portas, por exemplo, custa R$ 15.341,00 na tabela de carros novos. O mesmo modelo, com menos de um ano de uso, sai por R$ 12.800,00 em algumas concessionárias, uma depreciação de 16,56%. Um Fiesta duas portas 1.0 zero quilômetro custa R$ 14.690,00 na tabela. Um seminovo custa por volta de R$ 12.500,00 - uma desvalorização de 14,90%. No caso de um carro médio, de menor saída, a diferença é bem maior. Uma Paraty, por exemplo, com motor 1.8 nova custa R$ 29.600,00. Com menos de um ano de uso, o mesmo veículo custa R$ 24.000,00 - 18,91% a menos. No caso do Golf, a desvalorização chega a 21,96%. O carro novo custa R$ 34.600,00 e o usado, modelo 2001, sai por R$ 27.000,00. Há opções de financiamento É um bom negócio comprar um carro usado modelo 2001. Além da economia, ele vem com a garantia de fábrica, já que, na maior parte dos casos, essa garantia é de mais de um ano. Mas o consumidor deve ficar atento a eventuais danos que o carro possa apresentar, principalmente com relação à lataria. É possível negociar um abatimento no preço do veículo, dependendo do seu estado e da sua quilometragem. As concessionárias também fazem financiamento de veículos seminovos. Os juros cobrados variam de loja para loja, e é preciso pesquisar se é melhor obter o financiamento com a própria concessionária ou junto a algum banco. No Crédito Direto ao Consumidor (CDC), são cobradas diversas taxas de juros, e é bom fazer uma pesquisa antes de pedir um financiamento. A menor taxa é cobrada pelo Itaú, no financiamento de dois a 12 meses: 2,16% ao mês. A maior é cobrada pela Nossa Caixa: 3,95% ao mês no financiamento de 25 a 36 meses. Veja no link abaixo a tabela completa com os juros do CDC cobrados por todos os bancos para financiamento de veículos. Comprador deve levar mecânico de confiança A vantagem de comprar-se um carro zero quilômetro é a de que ele vem com garantia de fábrica. Muitas vezes, o consumidor não confia o suficiente no vendedor ou no dono anterior do veículo para comprar um seminovo. Assistente de direção do Procon-SP - órgão de defesa do consumidor ligado ao governo -, Gabriela Ribas Antônio avisa que é melhor levar um mecânico de confiança para avaliar uma compra. "O consumidor tem esse direito", disse Gabriela. "Além disso, ele deve pedir para dar uma volta com o carro", completou. A assistente de direção informa ainda que, como em qualquer compra, há um prazo de 90 dias para a loja sanar qualquer defeito que exista no carro. "Mas muitas vezes, o vício está oculto. Nesses casos, os 90 dias começam a contar a partir do dia em que o consumidor descobre o problema." Gabriela informou que é muito difícil de se estabelecer quando existe um vício oculto. "Por isso, é sempre importante que o consumidor guarde a nota fiscal da compra", disse. Também é importante ligar para o Detran e saber se o antigo dono ainda tem uma multa pendente. "Caso haja alguma, ela é de responsabilidade da loja." Cuidados com o financiamento Gabriela também alertou o consumidor para, em casos de financiamento, entrar em contato com a financeira para saber se ela já foi informada sobre a transferência. "E ele nunca deve assinar um papel em branco", o que ainda é bastante comum, segundo ela.