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‘Carro que voa’ busca marco regulatório

Empresa equipa veículo com para-brisa, retrovisores e asas retráteis, misturando regras das agências de segurança nas estradas e de voo nos EUA

Por Hayley Tsukayama
Atualização:
Com asas retráteis, novo veículo não exigirá que proprietário mantenha um hangar particular Foto: Terrafugia

Sejamos sinceros: já é 2014, e a indústria automobilística desapontou completamente uma geração de amantes da ficção científica. Onde estão os carros voadores? Quem tenta preencher esse vazio é a Terrafugia, que se descreve como “a empresa dos carros voadores”. Ela anunciou o futuro lançamento do modelo “Transition”, com asas dobráveis que permitem ao veículo fazer a conversão de carro para avião em cerca de 20 segundos ao pressionar de um botão. Isso é que é conversível.

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É preciso reconhecer que o Terrafugia Transition não será exatamente o carro voador à moda dos Jetsons, como muitos sonham. Mais correto seria descrever o Terrafugia Transition como um avião que pode ser dirigido, e não um carro que pode voar. Infelizmente, isso significa que não será possível escapar voando de um congestionamento. Embora seja improvável que a combinação carro/avião substitua a minivan, a empresa tenta definir um padrão para que o novo veículo possa ser classificado pelas autoridades regulatórias americanas.

“Trata-se de um primeiro passo prático”, disse o diretor executivo da Terrafugia, Carl Dietrich. “É o que podemos fazer com a infraestrutura existente.” Do ponto de vista regulatório, a Terrafugia incorporou medidas de segurança exigidas tanto pela Administração Federal da Aviação quanto pela Administração Nacional de Segurança no Tráfego das Estradas.

Assim, o Transition tem tanto paraquedas quanto airbag. Para compensar a ausência de um para-brisa traseiro, o Transition tem uma câmera, permitindo que os motoristas vejam o que há atrás deles por meio de uma tela no painel. Afinal, ninguém quer se envolver numa fechada acidental com um avião. O veículo tem tudo que se esperaria de um carro, como cintos de segurança e espelhos retrovisores laterais que conseguem ver além das imensas asas em modo carro e podem ser removidos durante o voo.

Complicações. Apesar de ter autorização para rodar nas pistas (com as asas erguidas) o Transition não é exatamente aquilo que chamaríamos de veículo para todos os usos. Para usar tanto a função de carro quanto a de avião, é preciso ter um brevê de piloto esportivo - mas, para quem pensa em gastar cerca de US$ 279 mil num veículo, isso não deve ser um empecilho.

Também será necessária uma pista de decolagem: o Transition precisa de bastante espaço para decolar, algo que se torna possível a partir da velocidade de 115 km/h. E essa pista de decolagem não pode ser escolhida a esmo, porque ninguém chega no Aeroporto Nacional Reagan ou no Aeroporto O’Hare, em Chicago, na esperança de encontrar “vaga”. Os donos do novo carro deverão um dos 5 mil aeroportos regionais espalhados pelos Estados Unidos.

Os donos do novo veículo não precisarão, porém, ter seu próprio hangar. Com as asas dobradas, o Transition não é muito maior do que um Cadillac Escalade ou um Ford F-350, dizem executivos da Terrafugia. Com isso, o veículo deve caber numa garagem comum. Além disso, o combustível usado é a gasolina premium, com rendimento de quase 15 km por litro no solo. Em voo, esse rendimento é um pouco menor - cerca de 8,5 km por litro ao viajar a 160km/h.

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O veículo tem um volante para a pilotagem no chão, que pode ser trocada por um manche para os voos. Há quatro pedais no chão: acelerador e freio, e dois para controlar o leme. Para o futuro, a Terrafugia está planejando um carro voador que vai dispensar a pista de decolagem - mas, para isso, será preciso esperar um pouco. O processo de desenvolvimento do modelo, batizado de TF-X, deve consumir de 8 a 12 anos.

O futuro dos Jetsons, que imaginou um carro voador na garagem de cada família, passava-se em 2062. Para quem quer atuar neste setor, o relógio está fazendo tique-taque. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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