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Carrões perdem a vez em Detroit

Sem o luxo do passado, salão do automóvel mais importante do mundo tem menos picapes e mais compactos

Por e Detroit (EUA)
Atualização:

Shows mais modestos para apresentação dos carros e nenhuma ação extravagante - como a do ano passado, quando a Chrysler levou uma boiada para as ruas para lançar uma picape - marcam o Salão do Automóvel de Detroit deste ano, um dos mais importantes eventos do setor automotivo mundial. As montadoras americanas apresentam uma leva de carros elétricos e tecnologias alternativas para tentar provar ao governo e a sociedade que ainda são viáveis. Muitos carros compactos ocupam o lugar das enormes picapes e utilitários, antes estrelas do evento. Em meio à maior crise vivida pelo setor desde a 2ª Guerra Mundial, que exigiu socorro financeiro do governo para se manter neste primeiro trimestre, as grandes montadoras se esforçam para provar que não vão sucumbir. "Estamos aqui para ficar", diziam cartazes que 600 funcionários da General Motors dos EUA erguiam ontem, enquanto o presidente mundial da companhia, Rick Wagoner, falava dos novos carros que a empresa pretende lançar no mercado. Convidados pela montadora, os funcionários vieram dar apoio ao programa de reestruturação da empresa. "Temos bons produtos e não somos responsáveis pela crise", disse Michael Bradley, de 49 anos, funcionário da GM há 25 anos. Wagoner declarou que o salão marca "um novo recomeço para a GM". A empresa tem até o fim de março para justificar o socorro financeiro de US$ 13,4 bilhões que serão entregues pelo governo nesse período. Wagoner afirmou que o dinheiro é suficiente para a sobrevivência da empresa nesses três meses, mas não descartou pedir recursos após esse prazo. A GM apresentou cinco modelos híbridos e dois elétricos, entre eles o luxuoso Converj, da marca Cadillac, ainda protótipo. Mostrou ainda o compacto Sparlk, para quatro passageiros, importado da Ásia ou do México. Bill Ford Jr., presidente do conselho da Ford, também mostrou quatro modelos elétricos que serão lançados em 2012 e afirmou que "nunca esteve tão excitado em relação a nova estratégia da empresa para os carros mais econômicos." Ele apoia o presidente Alan Mulally no processo de reestruturação do grupo. A Ford também levou funcionários ao evento, mas eles apenas assistiram à apresentação. Na indústria automobilística há 22 anos, o diretor-geral da Chrysler América Latina, Eduardo Mayoral del Valle, disse que "nenhuma outra época foi tão difícil como agora". Mas ressaltou acreditar que o governo americano "não vai permitir que o setor vá à falência." A Chrysler apresenta cinco modelos elétricos, todos protótipos. O primeiro , chamado 200C, será produzido a partir de 2010. Do lado de fora do Cobo Center, um grupo de 100 trabalhadores ligados ao UAW (o sindicato dos metalúrgicos), fazia um protesto para que Barak Obama reveja as condições do contrato feito por George Bush com as montadoras. "Uma das condições do contrato é que as empresas renegociem benefícios, mas nós já abrimos mão de muito", disse Tony Browning, de 53 anos, há 34 funcionário da Chrysler. Os benefícios são considerados por analistas como responsáveis, em parte, pela perda de competitividade das empresas americanas frente às asiáticas. A repórter viajou a convite da Anfavea

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